ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM
13-8-2003.
Aos treze dias do mês de agosto de dois mil e três,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Ervino
Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maria
Celeste, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Zé
Valdir e Paulinho Ruben Berta. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Carlos
Pestana, Cassiá Carpes, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói
Guimarães, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Nereu D’Avila,
Pedro Américo Leal, Valdir Caetano, Wilton Araújo e Juberlei Bacelo. Constatada
a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À
MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, os Pedidos de
Providências nos 1238, 1239, 1240, 1241, 1242, 1243, 1244, 1245, 1246, 1247 e
1248/03 (Processos nos 3858, 3859, 3860, 3861, 3866, 3869, 3870, 3871, 3872,
3873 e 3874/03, respectivamente); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Projeto de
Resolução nº 070/03 (Processo nº 3896/03); pelo Vereador Ervino Besson, a
Indicação nº 025/03 (Processo nº 3881/03); pelo Vereador Haroldo de Souza, o
Pedido de Informações nº 140/03 (Processo nº 3900/03), as Indicações nos 026,
027 e 028/03 (Processos nos 3899, 3904 e 3965/03, respectivamente) e o Projeto
de Lei do Legislativo nº 216/03 (Processo nº 3797/03); pelo Vereador João
Carlos Nedel, os Pedidos de Informações nos 142, 143, 144 e 145/03 (Processos
nos 3960, 3961, 3962 e 3963/03, respectivamente); pela Vereadora Maristela
Maffei, o Projeto de Resolução nº 069/03 (Processo nº 3816/03); pelo Vereador
Nereu D'Avila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 227/03 (Processo nº 3847/03);
pelo Vereador Raul Carrion, o Projeto de Lei do Legislativo nº 224/03 (Processo
nº 3841/03); pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº
222/03 (Processo nº 3831/03); pelo Vereador Wilton Araújo, o Pedido de
Informações nº 139/03 (Processo nº 3895/03) e o Projeto de Resolução nº 066/03
(Processo nº 3693/03). Também, foi apregoado o Ofício nº 469/03, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo
nº 036/03 (Processo nº 3980/03). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 346, 359,
360 e 361, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 075/03, do Senhor José
Pereira da Silva, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de
Assistência Social do Ministério da Assistência e Promoção Social; Comunicado
nº 35097/03, do Senhor Hermes Ricardo Matias de Paula, Secretário-Executivo do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Após, o Senhor Presidente
registrou a presença dos Senhores Sérgio Fraga, Coordenador dos Conselhos
Tutelares, Haidê Venzon, representante da Coordenação do Fórum Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, e Lúcia Castêncio, Presidenta do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, convidando Suas Senhorias a
integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à
Senhora Lúcia Castêncio, que discorreu acerca do processo eleitoral para
escolha dos Conselheiros Tutelares de Porto Alegre, propondo a antecipação
dessas eleições, em virtude da coincidência de datas com as eleições municipais
de dois mil e quatro. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca da tramitação do Projeto de Lei do Executivo nº 035/03 (Processo nº
3842/03). A seguir, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João
Bosco Vaz, Reginaldo Pujol, Luiz Braz, Sebastião Melo, Raul Carrion, Paulinho
Ruben Berta, Renato Guimarães, Cassiá Carpes e João Carlos Nedel
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às
quatorze horas e quarenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta minutos, constatada a existência
de quórum. Após, foi apregoado o Ofício nº 032/03, de autoria do Vereador João
Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que o
Vereador Beto Moesch representará externamente este Legislativo no Seminário
Nacional de Planejamento Municipal e Estatuto da Cidade, a ser realizado nos
dias treze e quatorze de agosto do corrente, em Porto Alegre. Também, o Senhor
Presidente comunicou que o Vereador João Carlos Nedel está representando
externamente este Legislativo, hoje, na IX Convenção de Contabilidade do Rio
Grande do Sul, que está sendo realizada em Gramado - RS. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
239/02, 129, 132, 143, 154, 155, 156, 158, 161, 165, 166 e 168/03, os Projetos
de Lei do Executivo nos 025/03, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, 026,
027 e 035/03, este discutido pelos Vereadores Renato Guimarães e Maria Celeste,
os Projetos de Resolução nos 066/01, 053 e 058, o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 012/03, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 006/03,
discutido pelos Vereadores Renato Guimarães, Raul Carrion e Zé Valdir; em 2ª
Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 089 e 090/00, 100, 134, 142, 144
e 147/03, os Projetos de Resolução nos 056 e 057/03. Na ocasião, foram
apregoadas a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Raul Carrion, ao Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 006/03 (Processo nº 3134/03), e a Emenda nº
01, de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, ao Projeto de Lei do Executivo nº
100/03 (Processo nº 2197/03). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn
criticou o tratamento dispensado pelo Partido dos Trabalhadores ao funcionalismo
público, principalmente no que se refere à política salarial adotada na esfera
municipal. Nesse sentido, defendeu a aplicação integral do Índice Geral de
Preços de Mercado - IGPM - nos proventos recebidos por toda a categoria dos
servidores municipais, ativos e inativos. O Vereador Haroldo de Souza leu
correspondência recebida da Associação dos Moradores do Bairro Moinhos de
Vento, que reivindica a manutenção da qualidade de vida naquele Bairro da
Cidade. Também, questionou a validade da paralisação dos funcionários da área
da saúde em Porto Alegre, abordou a necessidade de avaliação funcional do muro
da Avenida Mauá e apontou a possível existência de irregularidades no controle
do transporte escolar no Município. O Vereador Raul Carrion saudou os atletas
gaúchos presentes nos XIV Jogos Pan-Americanos, realizados na República
Dominicana, elogiando o desempenho dos desportistas brasileiros e mencionando a
realização de Sessão Solene, nesta Casa, em homenagem à equipe gaúcha presente
naquela competição. Ainda, reportou-se à reunião ocorrida na Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação para discutir a necessidade de manutenção
do muro da Avenida Mauá. O Vereador Wilton Araújo, contrapondo-se à política
administrativa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre com relação aos
servidores públicos, argumentou que o Executivo Municipal vem retirando
benefícios conquistados pelo funcionalismo público ao longo do tempo e protestou
contra modificações efetuadas pela Secretaria Municipal de Obras e Viação -
SMOV - no cardápio oferecido aos funcionários dessa Secretaria. O Vereador João
Antonio Dib pronunciou-se acerca dos princípios que regem seu trabalho como
Presidente deste Legislativo, citando a conduta adotada por Sua Excelência no
que se refere à questão do reajuste bimestral dos funcionários deste
Legislativo e comunicando ter encaminhado consulta sobre o tema à Comissão de
Constituição e Justiça e à Procuradoria da Casa, tendo em vista dúvidas
surgidas pelo Decreto Municipal nº 14.888/03, que trata do assunto. O Vereador
Cláudio Sebenelo teceu considerações a respeito da situação apresentada pelo
sistema de saúde pública em Porto Alegre, solicitando o apoio dos Vereadores da
Casa para a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito a fim de
investigar a matéria. Ainda, comentou a saída do Senhor Joaquim Kliemann,
ex-Secretário Municipal da Saúde, e a posse da Senhora Sandra Maria Sales
Fagundes nesse cargo. O Vereador Juarez Pinheiro defendeu a linha política
seguida pelo Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Municipal, alegando
que a Cidade enfrenta problemas, possuindo, porém, a melhor política salarial
do País e sendo o Município que mais recursos aplica na área da saúde. Também,
referindo-se ao reajuste bimestral dos municipários, comentou decisão prolatada
pelo Supremo Tribunal Federal, que julgou inconstitucional a matéria. Na
ocasião, o Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se acerca da decisão tomada pelo
Vereador João Antonio Dib, enquanto Presidente deste Legislativo, quanto ao
pagamento integral dos índices de reajuste bimestral dos servidores da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães,
registrando que tem acompanhado os movimentos organizados pela União Gaúcha em
Defesa da Previdência Social Pública - UGDPSP, teceu críticas ao projeto de
Reforma Previdenciária em tramitação no Congresso Nacional, questionando os
interesses políticos envolvidos nesse Projeto e as conseqüências que resultarão
no caso de sua aprovação. O Vereador Carlos Alberto Garcia citou visita
efetuada à Escola Estadual de Ensino Fundamental Oscar Coelho de Souza,
localizada no Bairro Lami, relatando movimento que está sendo organizado pela
comunidade local, com vistas à implantação de ensino médio naquele
estabelecimento. Nesse aspecto, informou estar agendando contatos com a
Secretaria Estadual de Educação e com o Senhor Germano Rigotto, Governador do
Estado do Rio Grande do Sul, para encaminhar essa reivindicação. O Vereador
Reginaldo Pujol reportou-se ao pronunciamento do Vereador Elói Guimarães,
acerca do projeto de Reforma Previdenciária em tramitação no Congresso
Nacional, afirmando ser esta Reforma fundada na idéia de que existe um déficit
na seguridade social do País. Sobre o tema, declarou que a seguridade social
não é deficitária, expondo as bases que compõe os recursos destinado para a
área. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA
e aprovados os seguintes Requerimentos: de n° 142/93 (Processo n° 3880/03 –
Autorização para representar este Legislativo na Conferência Continental de
Trabalhadores Contra a Área de Livre Comércio das Américas - ALCA, a
realizar-se em São Paulo, no dia vinte e três de agosto do corrente, com
percepção de diárias e passagens), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro; de autoria
do Vereador Cassiá Carpes, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de
Lei do Legislativo n° 030/01 (Processo n° 0941/01) e do Substitutivo nº 01 aposto
a esse Projeto; de autoria do Vereador Sebastião Melo, solicitando a retirada de
tramitação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 004/01 (Processo n° 1319/01).
Em continuidade, a Vereadora Maria Celeste formulou Requerimento verbal
solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do
Dia. Foi aprovado Requerimento verbal, de autoria do Vereador Isaac Ainhorn,
solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do
Dia, por treze votos SIM e nove votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelo
Vereador Juarez Pinheiro, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez
Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Carlos Alberto
Garcia, Cassiá Carpes, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac
Ainhorn, João Bosco Vaz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo,
Wilton Araújo e Paulinho Ruben Berta e Não os Vereadores Aldacir Oliboni,
Carlos Pestana, Darci Campani, Juarez Pinheiro, Maria Celeste, Maristela
Maffei, Raul Carrion, Renato Guimarães e Juberlei Bacelo. Na oportunidade, os
Vereadores Juarez Pinheiro, Ervino Besson, Maria Celeste e Haroldo de Souza
manifestaram-se acerca do Requerimento formulado pelo Vereador Isaac Ainhorn, o
qual solicitava alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem
do Dia. Em Renovação de Votação, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 019/01, por dezenove votos SIM e dez votos NÃO, em votação
nominal solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, tendo votado Sim os
Vereadores Almerindo Filho, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elias
Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João
Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Nereu D’Avila, Pedro Américo Leal,
Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano, Wilton Araújo e Paulinho Ruben
Berta e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Carlos
Pestana, Darci Campani, Juarez Pinheiro, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul
Carrion, Renato Guimarães e Juberlei Bacelo. Na ocasião, face Questões de Ordem
formuladas pelos Vereadores Renato Guimarães e Juarez Pinheiro, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca da votação do Projeto de Lei
Complementar do Legislativo n° 019/01 (Processo nº 3290/01). Em Discussão Geral
e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 160/02, com Veto Total,
que foi discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol, Carlos
Alberto Garcia, Elói Guimarães e Renato Guimarães. Durante a apreciação do
Projeto de Lei do Legislativo nº 160/02, o Vereador Aldacir Oliboni cedeu seu
tempo de discussão ao Vereador Renato Guimarães. Na ocasião, foi votado Requerimento
do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando o adiamento, por uma Sessão, da
discussão do Projeto de Lei do Legislativo n° 160/02, o qual obteve dois votos
SIM e doze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Renato
Guimarães, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Dr. Goulart, Raul Carrion e Carlos
Alberto Garcia, em votação nominal solicitada pelo Vereador Renato Guimarães,
tendo votado Sim os Vereadores Elói Guimarães e Luiz Braz e Não os Vereadores
Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Darci
Campani, Juarez Pinheiro, Maria Celeste, Nereu D’Avila, Raul Carrion, Renato
Guimarães, Zé Valdir e Juberlei Bacelo, votação esta declarada nula pelo Senhor
Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Na oportunidade, o
Vereador Ervino Besson formulou Questão de Ordem sobre os trabalhos da presente
Sessão. Às dezoito horas e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum
deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e
Maria Celeste e secretariados pelos Vereadores Maria Celeste e Elói Guimarães,
este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada,
será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à
Convidamos a fazer parte da Mesa o Sr.
Sérgio Fraga, da Coordenação dos Conselhos Tutelares; a Sra. Haidê Venzon, da
Coordenação do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
A Sra. Lúcia Castêncio, representando o
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, está com a
palavra, para tratar de assunto relativo ao processo eleitoral para a escolha
dos Conselheiros Tutelares de Porto Alegre, pelo tempo regimental de 10
minutos.
A
SRA. LÚCIA CASTÊNCIO: Boa-tarde, Sr. Presidente da Câmara de
Vereadores, Ver. João Dib, ao cumprimentá-lo, cumprimento todos os Vereadores
presentes nesta tarde. É um prazer enorme estar aqui.
Aqui comigo estão presentes diversos
conselheiros tutelares municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Nós, hoje à tarde, teremos plenária e vimos a esta Casa para fazer daqui o
nosso momento do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Também estão presentes representantes da PGM, da SGM – Procuradoria-Geral do
Município, Secretaria-Geral do Governo - e Corregedoria dos Conselhos
Tutelares.
É um prazer enorme, como eu já disse, o
Conselho Municipal dos Direito da Criança e do Adolescente poder fazer uso da
palavra aqui, nesta tarde, principalmente quando se trata de um tema tão
polêmico, tão importante para a cidade de Porto Alegre, lembrando que esta
Cidade foi a primeira Capital no País a implantar os Conselhos Tutelares,
Conselhos eleitos diretamente pelo povo, usando a democracia total. Conselho Tutelar
esse construído aqui, por esta Casa também. Uma Lei aprovada por esta Casa fez
com que hoje exista o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, o FUNCRIANÇA, e a Corregedoria dos Conselhos Tutelares.
Nesta tarde venho aqui fazer uma defesa.
No ano que vem, em 2004, estaremos entrando no pleito da eleição dos
conselheiros tutelares. Como é um ano de eleição para Vereadores e Prefeitos, o
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, cumprindo o que
está estabelecido nas Leis n.º 6.787 e n.º 7.595, chamou os parceiros nesse
processo para discutir esse momento eleitoral em 2004. O Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente com esse grupo, sentiu a
necessidade de vir a esta Casa pedir a apreciação desta Câmara, destes
Vereadores, no que se refere à Lei dos Conselhos Tutelares. No ano que vem,
como coincide com eleições, gostaríamos, conforme o nosso Projeto – o que foi
pedido no Projeto de Lei -, que esse momento, como é um momento delicado, fosse
antecipado.
A eleição – assim está na Lei - seria num
domingo de setembro, como o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente tem feito e executado, cumprindo o seu compromisso, como está
estabelecido na Lei, de ser o responsável pela eleição dos Conselhos Tutelares,
e para esse momento, no ano que vem, estamos apenas solicitando a mudança, a
antecipação dessa data. Que ela aconteça num domingo de maio de 2004,
antecipando para que não coincida com as eleições eleitorais.
Todos vocês sabem que é um momento frágil
na Cidade, um momento crítico, a eleição dos conselheiros tutelares. O Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente tem a preocupação de que
essas pessoas que concorrerão ao Conselho Tutelar, como candidatos, devam ter,
como primazia, como seu primeiro e único objetivo, a criança e o adolescente da
cidade de Porto Alegre.
Nós, hoje, todos vocês e a cidade de
Porto Alegre temos duras críticas à questão do Conselho Tutelar, porque ainda
há o desconhecimento do papel de um Conselho Tutelar, de um conselheiro. Nós
queremos fazer com que a coisa seja correta, transparente, e que seja um
processo tranqüilo. Para isso contamos com o apoio desta Casa. É claro que
muitos de vocês devem estar pensando, e há muito tempo vêm pensando, que teriam
muitos motivos para mudar muitas coisas nessa Lei. Esse será um momento
delicado, como já disse, um momento de parar Porto Alegre e irmos pensando em
nossos novos Vereadores para esta Casa, no novo Prefeito para a cidade de Porto
Alegre - um momento complicado para esta Casa e para as nossas crianças e
adolescentes.
Nós temos regras estabelecidas no
Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, onde os candidatos
passam por seleções, seleções questionadas por muitos! Mas, para que o processo
seja o mais democrático possível, o Conselho tem agido dessa forma e tentado
cumprir todos os mecanismos existentes na Lei para a eleição dos Conselhos
Tutelares.
Preocupados com isso, estamos aqui, hoje,
o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e os colegas que
participaram do processo desse documento. Vai chegar às mãos de vocês, já deve
estar aí com vocês a nossa exposição de motivos, o porquê de estarmos querendo
apenas mexer no momento da eleição, na data, antecipando o processo eleitoral.
Isso vai estar favorecendo, também, no sentido de que tenhamos tempo hábil para
capacitar e qualificar, da melhor forma possível, os conselheiros eleitos em
maio de 2004. Essa é a proposta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente. Queremos que vocês olhem a matéria com muita tranqüilidade e
façam uma discussão coerente e tranqüila sobre esse tema. De outra forma não
poderia ser. Da forma como está estabelecido na Lei, no Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, que o
mandato é de três anos, não podemos fazer com que esse mandato se estenda. Isso
não é possível, haja vista que os Conselheiros Tutelares são pagos com recursos
públicos desta Cidade, e estamos apenas respeitando o que diz na Lei Federal do
Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, que o mandato é de três anos.
Portanto, ocorrendo a eleição em maio, esta Casa, fazendo as suas considerações
e a matéria passando tranqüilamente, estaríamos puxando o processo para
novembro deste ano. Precisa-se, para que haja toda a tranqüilidade e
transparência, no mínimo de seis meses para o processo eleitoral acontecer
dentro da cidade de Porto Alegre. Sabemos que esse é um tema polêmico, portanto
gostaríamos que vocês pudessem ver e discutir essa matéria. O Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, junto com grupo da
Corregedoria de Conselhos Tutelares e Conselhos Tutelares, grupo esse que
trabalhou nessa exposição de motivos, estará à disposição, se possível, e se
alguma das Bancadas quiser falar com o Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente, estaremos à disposição para explicar ponto por ponto
os porquês. Na nossa exposição de motivos estamos dizendo tudo isso, está muito
claro, mas, de repente, precisamos debater mais sobre isso ou talvez alguns
sintam necessidade de ter uma conversa sobre esse tema.
É isso que temos para colocar,
gostaríamos que vocês olhassem, com muito carinho, esse tema. Na exposição de
motivos está muito bem colocado o porquê de estarmos antecipando, para não
coincidir, e, nesse mesmo processo da Lei, coloca-se que, nos anos em que
houver eleição que coincida com o pleito eleitoral, automaticamente haverá
eleição antecipada para maio daquele ano. Essa é a proposta que o Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente está trazendo aqui para a
Câmara de Vereadores. Pedimos o apoio de todos vocês para que possamos fazer
com que o sucesso desse pleito aconteça, e com a maior transparência e
tranqüilidade possível, garantindo que, na eleição dos Conselhos Tutelares,
tenhamos pessoas realmente capacitadas, qualificadas e preocupadas com a
criança e o adolescente da cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Informo à Sra. Presidenta
Lúcia Castêncio que o Projeto do Executivo está em primeiro dia de Pauta, hoje,
e, se for entendimento das Lideranças, na próxima segunda-feira pode ser
solicitada a urgência, facilitando o trabalho para chegarmos a bom termo.
O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Sra. Lúcia Castêncio; Sr. Sérgio Fraga; Sra. Haidê Venzon; Ver.ª Maria Celeste,
que já foi conselheira; Ver. Renato Guimarães, que já foi conselheiro; demais
conselheiros presentes, em nome da nossa Bancada, do PDT, quero hipotecar a
nossa solidariedade a esse trabalho que vem sendo realizado e dizer que esse
Projeto não terá dificuldade em ser aprovado e obter os votos da Bancada do
PDT. Compreendemos a preocupação dos senhores e das senhoras no sentido de
valorizar e qualificar ainda mais a atuação dos conselheiros. Entendo como
importantíssima essa qualificação profissional, esse exame de seleção.
Portanto, quero deixar aqui este apoio do PDT. Com certeza, outras Lideranças
irão se manifestar e com certeza também irão hipotecar essa solidariedade e
esse apoio. Se é um Projeto que nasceu do consenso, do interesse e do estudo,
não tem por que não obter o apoio desta Casa. Parabéns pelo trabalho a todos os
Conselheiros. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, ao tempo em que saúdo os
representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
quero acentuar que esta matéria, que já foi objeto de divulgação pela imprensa,
oficialmente passa a ser do conhecimento dos integrantes da Casa no dia de
hoje, com a sua tramitação iniciada na Pauta e na discussão preliminar.
Certamente que a relevância do assunto vai merecer da Câmara Municipal a melhor
e a maior das atenções, o que, evidentemente, não implica, por antecipação - o
que seria uma irresponsabilidade nossa assim proceder -, compromisso com o
inteiro teor da proposta, que obviamente veio para a Casa para ser examinada e
discutida, e, se for o caso, alterada, modificada, ou, de qualquer forma,
enfrentada. O que eu posso assegurar aos dirigentes do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, é que nós, responsavelmente, em tempo
hábil, haveremos de fazer um exame necessário sem açodamento e nem acomodação
para oferecer a resposta que, no entendimento da Casa, seja a mais indicada
para essa realidade que já se desenha possível de ocorrer no ano de 2004,
quando haverá a necessidade da renovação dos mandatos dos conselheiros
tutelares e que coincidirá com a renovação dos mandatos dos integrantes desta
Casa. Por isso, tenho a certeza de que aqui não faltará ressonância para os
seus apelos e, mais do que isso, a plena convicção de que, responsavelmente,
nós haveremos de examinar a matéria. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver. Presidente, quero cumprimentar a
todos da Mesa, a Sra. Haidê, a Sra. Lúcia Castêncio, que é a Presidenta, e
cumprimentar a todos pela preocupação sobre o processo eleitoral que vai-se
transcorrer no próximo ano, e que vai, com certeza absoluta, na linha em que
ele está demarcado para transcorrer, entrar em choque com as nossas eleições
para Vereadores e para Prefeito Municipal.
Mas a Câmara Municipal vai precisar de
algum tempo para deliberar. Eu penso que, pelo que tenho ouvido aqui na Casa,
não existe um consenso com referência à data de maio, que está sendo sugerida
por V. Sa. Eu acredito que nós vamos precisar, realmente, de um tempo talvez um
pouco maior, porque nós vamos precisar fazer consultas para sabermos exatamente
se essa é a data que nós podemos escolher para colocar em alteração à Lei
atual. O Presidente diz que na segunda-feira podíamos pedir urgência; eu acho
que vamos precisar de um pouquinho mais de tempo para que a gente possa discutir,
é claro que não pode ser tempo demais, porque, afinal de contas, estamos aí
atropelados também por outros processos que temos de discutir aqui na Casa, mas
acredito que, pelo menos, vamos dar o pontapé inicial nessa partida e vamos
começar a discutir esse assunto. É preciso, realmente, mudar-se a data, porque
setembro... Acho muito ruim essa coincidência, não vai ser boa para ninguém.
Agora, não tenho convicção, realmente – e estou vendo que outros Vereadores
também não têm essa convicção -, se maio é a data ideal, mas acho que, juntos,
poderemos encontrar, acredito, o melhor momento para a realização dessas
eleições dos Conselhos.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, queremos saudar a Lúcia
Castêncio, a Haidê Venzon, o Sérgio Fraga, todos os conselheiros tutelares, e
dizer da legitimidade dessa postulação. Acho que, do ponto de vista
operacional, Lúcia, não é bom haver eleições concomitantes para Vereador,
Prefeito e também as eleições dos Conselhos Tutelares. Agora, eu queria colocar
algumas questões nessa discussão, Ver. Luiz Braz: se o Prefeito João Verle
mandasse para esta Casa, hoje, um projeto dizendo que iria tirar as crianças da
rua, que não iria transferir a responsabilidade para os Conselhos Tutelares,
como ele sempre faz, pois não há políticas públicas para as crianças e para os
jovens, e vejo, aí, seqüencialmente, a transferência dessa responsabilidade
para os Conselhos Tutelares. O Conselho Tutelar nada mais é do que a longa manus do Poder Público. Se o Poder
Público não tiver políticas públicas, não há Conselho Tutelar que funcione.
Então, se o Prefeito mandasse para cá dizendo que queria verba, acho que
votaríamos até nesta tarde, agora, sem problema nenhum. Então vamos analisar,
com seu tempo, com seu equilíbrio, mas eu gostaria de discutir mais do que a
mudança da data das eleições; eu queria discutir políticas públicas para Porto
Alegre, para resgatar milhares de jovens e de crianças que estão ao relento,
que estão na rua; e os Conselhos Tutelares vivem nas noites e nas madrugadas e
não têm sequer onde abrigar essas crianças - essa é a dura realidade desta
cidade. E disto nós temos de falar, Ver. Luiz Braz, porque senão estamos
tapando, de novo, o sol com a peneira grossa, ou seja, vamos discutir a
periferia, mas não vamos discutir o essencial. Antecipa-se eleição? Sim, mas e
aí? Continua exatamente como está? Não, não está correto isso, na nossa
avaliação. Nós achamos que um Conselho precisa ser instrumentalizado, e ele só
pode ser instrumentalizado se ele tiver recursos, se ele tiver políticas claras
para poder recuperar, ressocializar e fazer com que essas crianças que hoje
estão aí, no seu dia-a-dia, pelas ruas e não só pelas ruas, mas nos lares em
Porto Alegre.
Então o nosso aplauso pela reivindicação;
há legitimidade, mas não queremos discutir só isso; queremos discutir a
floresta como um todo, porque a floresta está mal, porque não há políticas
públicas para os adolescentes de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar a nossa saudação à
Lúcia Castêncio, ao Fraga e à Haidê, companheiros de luta de muitos anos nessa
frente, em nome de quem saúdo todos os conselheiros aqui presentes que
acompanham a vinda de vocês.
Antes de entrar
propriamente na proposta, eu queria dizer do nosso entendimento da importância
do trabalho dos Conselhos Tutelares, pois tenho visto muitas vezes cobranças
sobre os conselheiros, talvez por desconhecimento da sua função, como se eles
fossem executivos capazes de resolver os problemas - o que não é a sua função
-; sua função é a de encaminhar, de assessorar, de acompanhar, tentar enfrentar
o problema, mas dependem de outros órgãos para a eficácia da sua ação,
inclusive em determinados momentos de despejos. Temos contado com a ação da
nossa Presidenta do Conselho Municipal e queremos resgatar isso.
Com relação ao Projeto propriamente dito,
parece-nos justa a não-coincidência de datas. E a Casa certamente aprovará
nesse sentido. Mas penso que é importante a discussão que alguns Vereadores
trouxeram, alguns consideram que talvez fosse melhor a não-antecipação, mas que
fosse melhor posterior à eleição, como a posse é no ano seguinte é uma questão
a estudar, mas a essência da proposta eu creio que está colocada: não coincidir
para evitar problemas.
Concluo dizendo que - já conversei com
alguns conselheiros nesse sentido – nós, em princípio, discordamos do processo
de eleição, que é um processo de eleição majoritário, ou seja, vota-se em
cinco; supondo a existência de duas chapas, se uma fizer 51% e a outra 49%, unicamente
uma chapa estará representada e não haverá a representação proporcional.
Parece-nos que seria uma coisa a corrigir; é um verdadeiro voto distrital, que
não é benéfico para a sociedade, mas é outra discussão que nós queremos fazer
mais dia, menos dia, com os conselheiros e com o Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Paulinho Ruben
Berta está com a palavra nos temos do art. 206 do Regimento.
O
SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Eu queria cumprimentar a Sra. Lúcia
Castêncio, Presidenta do Conselho de Direito das Crianças e dos Adolescentes de
Porto Alegre, e também dizer da minha satisfação de vê-la aqui, Sra. Haidê
Venzon, que representa tão bem as nossas crianças. Queria dizer, que o PPS, na
figura deste Vereador, também tem praticamente a mesma opinião que tem o
Conselho. E queria dizer, ainda, que concordo com o Ver. Sebastião Melo, quando
prega que devemos ter políticas diretas para os nossos adolescentes e crianças.
E eu queria também colocar da seguinte forma: eu, que sou líder comunitário,
que vivo na periferia o dia-a-dia com as crianças, tenho acompanhado muito o
trabalho do Conselho Tutelar, principalmente da minha região, e gostaria que a
senhora levasse os meus cumprimentos aos conselheiros de lá, pela garra, pela
luta e pelo que eles têm feito pelas nossas crianças. E quero salientar mais
uma vez dizendo em que no dia em que o nosso Poder Público realmente se
preocupar com políticas para beneficiar as nossas crianças e adolescentes, nós,
aí, vamos começar a caminhar. Mas se há alguém que está lutando por essas
crianças, esse alguém é o Conselho Tutelar. E o PPS se coloca à disposição e
vai junto nessa luta para a mudança da data.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra nos temos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Nossa saudação à companheira Lúcia
Castêncio, e em seu nome saudamos a todos os dirigentes e militantes, em defesa
da criança e do adolescente que se fazem aqui presentes. É importante destacar
que o legislador federal, quando pensou o Estatuto da Criança e do Adolescente,
teve a inteligência de pensar a defesa da criança e do adolescente não como um
atributo isolado de um setor da sociedade, e, sim, pensar uma composição, a
construção de uma caminhada conjunta para a defesa do adolescente nas nossas
cidades. A posição do Ver. Sebastião Melo mostra uma miopia em enxergar isso. O
Ver. Sebastião Melo debita a responsabilidade da defesa da criança e do
adolescente num ator só desse processo; e isso acaba causando uma distorção até
no próprio encaminhamento das propostas de defesa da criança e do adolescente.
O Conselho Tutelar, o Conselho de Direitos, a Câmara de Vereadores, a
Prefeitura e o conjunto das entidades de Porto Alegre, vêm dando uma lição de
como caminhar junto e fazer o Estatuto, de fato, funcionar na prática. O que o
Conselho vem aqui nos pedir, depois de um longo processo de debates, que passou
por conferência, é que é necessário, sim, debater e aprofundar o papel do
Conselho Tutelar, sua fiscalização e tudo mais. Mas, neste momento, a prudência
que a sociedade acumulou até hoje diz o quê para a Câmara de Vereadores? Que
devemos tratar de resolver a antecipação da eleição dos Conselhos Tutelares e,
como papel de Legislativo, como papel de entidades, aprofundar, para, num
próximo momento, discutirmos o papel, a identidade do Conselho Tutelar e como
ele se articula com os outros atores de defesa da criança e do adolescente. A
Câmara terá o seu tempo, sim, para fazer esse debate; mas vamos dialogar,
também, com todo esse acúmulo que a comunidade está aqui nos trazendo, que não
é um processo realizado em duas semanas, mas foi um processo longo de debate,
que passou por uma conferência municipal.
Portanto, a nossa Bancada vai-se somar ao
esforço das demais Bancadas para tratar dessa matéria, não fugindo do debate
que cabe a cada um dentro das responsabilidades para enfrentarmos o problema da
criança e do adolescente na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, quero saudar a Sra.
Lúcia Castêncio e os demais componentes da Mesa e dizer que, como Presidente da
Comissão de Direitos Humanos da Casa, estamos providenciando uma reunião com os
conselheiros para que possamos ouvi-los. Entendemos que a data é boa e que
haverá uma distância regulamentar para o pleito de 2004 para Vereador e
Prefeito, dando uma maior tranqüilidade ao pleito. Somos a favor, portanto,
desse projeto, no sentido de separar, até para não confundirmos o eleitorado,
porque alguém poderá votar em Vereador e em conselheiro tutelar pensando que é
a mesma coisa. Isso facilitará, separando as situações e dando legitimidade ao
processo de vocês, não se vinculando à eleição de Vereador e de Prefeito.
Depois, na Comissão, quem sabe, possamos constituir um diálogo mais permanente
com vocês, para que possamos trazer subsídios ao que vem acontecendo na nossa
Cidade, mas será outro momento. Agora devemos pensar, realmente, nesse projeto,
que entendemos salutar para desvincular uma eleição da outra. Obrigado pela
presença de vocês, e podem contar com a Comissão para o que estiver ao nosso
alcance. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Gostaria de, em nome da Bancada do Partido
Progressista, do Vereador Pedro Américo Leal, nosso Líder; do Presidente João
Antonio Dib, do Ver. Beto Moesch e em meu nome, dar as boas-vindas à Dona Lúcia
Castêncio, Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente; e cumprimentar o Sérgio Fraga e a nossa prezada Haidê Venzon, que
há tanto tempo vem dedicando seu tempo, sua vida à solidariedade; cumprimento a
todos. Quero dizer que, sobre o assunto da antecipação do processo eleitoral
para a escolha dos conselheiros, esta Bancada também está de acordo e apóia a
iniciativa, porque ela é benéfica à sociedade. Parabéns e sejam muito
bem-vindos.
(Não revisto pelo orador.)
(Suspendem-se os trabalhos às 14h49min)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 14h50min):
Estão reabertos os trabalhos.
Informamos ao Plenário que o Ver. Beto
Moesch está representando a Câmara, nos dias 13 e 14, no Seminário Nacional de
Planejamento Municipal e Estatuto da Cidade, a convite do Instituto de Estudos
e Pesquisas Ambientais, Sociais e Econômicas em Direito Público.
O Ver. João Carlos Nedel estará
representando a Casa na IX Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul, na
data de hoje.
Passamos à
(05 oradores/05 minutos/com
aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. 3738/02 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 239/02, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que autoriza o Executivo Municipal a erigir monumento no
Parque Farroupilha em homenagem aos Lanceiros Negros e dá o mesmo nome ao
espaço circunscrito àquele. Com
Substitutivo n.º 01.
PROC. 3842/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 035/03, que acrescenta
parágrafo único ao artigo 21 da Lei 7.595, de 17 de janeiro de 1995, que dispõe
sobre o processo eleitoral para escolha dos Conselheiros Tutelares de Porto
Alegre.
PROC. 3026/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 058/03, de autoria do Ver.
Darci Campani, que concede o prêmio de teatro Qorpo Santo à Tribo de Atuadores
“Ói Nóis Aqui Traveiz”.
PROC. 3067/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 154/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que autoriza o Executivo Municipal a construir, na
Esplanada Hely Lopes Meireles, monumento em homenagem ao taxista morto em
assalto.
PROC. 3076/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 155/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que obriga os cemitérios de Porto Alegre a colocarem à
disposição dos visitantes um médico clínico-geral e um ambulatório médico para
a prestação de primeiros socorros.
PROC. 3078/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 156/03, de autoria do
Ver. Nereu D’Avila, que institui o Dia Municipal da Adoção no Município de Porto
Alegre.
PROC. 3114/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 158/03, de autoria da
Ver.ª Margarete Moraes, que altera o art. 2.º da Lei n.º 6.389, de 21 de abril
de 1989, que autoriza o Executivo Municipal a instituir a eleição direta para o
cargo de Diretor do Atelier Livre da Prefeitura e dá outras providências.
PROC. 3162/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 161/03, de autoria da
Ver.ª Margarete Moraes, que denomina Rua Dr. Juliano Moreira um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Jardim Botânico.
PROC. 3186/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 026/03, que revoga a
declaração de utilidade pública da Associação dos Professores de Ensino
Comercial do RGS - APEC, estatuída pela Lei n.º 3.794, de 04 de outubro de
1973.
PROC. 3187/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 027/03, que revoga a
declaração de utilidade pública da Sociedade Educacional Ruy Barbosa, estatuída
pela Lei n.º 3.156, de 09 de julho de 1968.
PROC. 2612/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 053/03, de autoria do Ver.
Cláudio Sebenelo, que altera o art. 2.º da Resolução n.º 1.510, de 6 de
novembro de 2000, que institui o Prêmio Mário Rigatto.
PROC. 2651/03 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 012/03, de
autoria do Ver. João Carlos Nedel, que regulamenta a utilização de publicidade
e de propaganda do Executivo e do Legislativo do Município, de acordo com o
art. 125 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. Com Emendas n.os 01 e 02.
PROC. 2697/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 129/03, de autoria do
Ver. Wilton Araújo, que acrescenta parágrafo único ao art. 3.º do texto em
vigor da Lei n.º 5.548, de 28 de dezembro de 1984 (acréscimo de 25 passagens
escolares unificadas para o estudante que comprovar a prática do escotismo).
PROC.
2721/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 132/03, de autoria do Ver. Elias Vidal, que dispõe sobre a criação do
Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMUSAN). Com Substitutivo n.º 01.
PROC. 2890/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 143/03, de autoria do
Ver. Pedro Américo Leal, que estabelece a isenção do pagamento da tarifa do
sistema de estacionamento rotativo pago (área azul) em vias e logradouros
públicos do Município de Porto Alegre, aos sábados.
PROC. 3131/01 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 066/01, de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol, que concede o Prêmio Mérito Sindical ao Senhor Antonio Johann.
PROC. 3134/03 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 006/03,
que dispõe sobre a reserva de vagas para afrodescendentes em concursos públicos
para provimento de cargos efetivos, e dá outras providências.
PROC. 3174/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 025/03, que define critérios
para o serviço de transporte por lotação e seletivo, suas tarifas e inserção no
sistema de transporte público da cidade de Porto Alegre.
PROC. 3207/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 165/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Eduardo Antonio dos Santos um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 3208/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 166/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Antonio Bastos um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 3210/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 168/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Pastor Egon Miguel Koch um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.
2.ª
SESSÃO
PROC. 1427/00 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 089/00, de autoria do
Ver. Zé Valdir, que denomina Rua Maria Thereza Fogassi da Silva um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Campo Novo.
PROC. 1428/00 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 090/00, de autoria do
Ver. Zé Valdir, que denomina Rua Antonio José da Silva um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Campo Novo.
PROC. 2905/03 - PROJETO
DE RESOLUÇÃO N.º 056/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor
Eduardo Beck Paglioli.
PROC. 2928/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 147/03, de autoria do
Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Semana de Educação e Conscientização Sobre
os Riscos do Alcoolismo no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. 2981/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 057/03, de autoria do Ver.
Isaac Ainhorn, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Professor
Pinheiro Eizerik.
PROC. 2197/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 100/03, de autoria do
Ver. Juarez Pinheiro, que altera a denominação da Travessa Celso Afonso Soares
Pereira para Travessa Hélio Dias.
PROC. 2723/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 134/03, de autoria do Ver. Dr.
Goulart, que autoriza o Executivo Municipal a exigir das empresas contratadas
para realizar a construção de equipamentos ou similares do Município o
aproveitamento de, no mínimo, 51% da mão-de-obra local.
PROC. 2876/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 142/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Araticum um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Restinga.
PROC. 2891/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 144/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Grápia um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Restinga.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, reiniciamos os trabalhos legislativos deste segundo semestre com
uma Pauta recheada de assuntos. Se nós pegarmos as Sessões desde a abertura dos
trabalhos, são mais de quarenta Projetos novos protocolados, das mais diversas
áreas. Eu destaco para o debate entre nós, para o próprio aprofundamento, como
o Ver. Luiz Braz trouxe, a necessidade de nós conhecermos mais o tema - até
para podermos em um período de tempo menor nos pronunciarmos, estarmos votando
a matéria que trata da questão dos Conselhos Tutelares, e essa antecipação do
processo eleitoral. Entendo que a Casa acompanha as mais diversas tensões em
relação à temática, como a questão da própria política de defesa da criança e
do adolescente; a questão da rede de proteção existente; a questão do conceito
de proteção; a questão da própria cultura, de como lidar com esse ser, cidadão,
criança e adolescente. Nós vemos ainda no Plenário Vereadores se manifestando e
nomeando esse cidadão de direito com o conceito de menor: menor para cá, menor
para lá. Nós sabemos que não é uma coisa que simplesmente a força da Lei ou a
força do órgão é que resolvem a questão cultural. Tem que se construir uma
caminhada cultural de mudança na cabeça das pessoas para que os nossos cidadãos
de direito sejam reconhecidos, atendidos e tenham, inclusive, no Parlamento, os
seus direitos respeitados.
Mas nós acreditamos que todas essas
questões que estão colocadas, Ver. Paulinho Ruben Berta, como disse aqui a
nossa Presidenta do Conselho Municipal, estão para o debate. Mas, neste
momento, de forma prudente, tanto para o Legislativo como para o Executivo e
para a própria sociedade, vamos tratar de resolver a questão da eleição,
antecipando o pleito dos Conselhos, desvinculando do pleito municipal de
Vereadores; fazendo com que a sociedade possa acompanhar; fazendo, por
intermédio da Lei aprovada aqui, um bom processo de escolha dos candidatos; e
que a sociedade possa participar ainda mais. Como é um voto facultativo, nós
temos que empolgar a sociedade para que ela participe. Então, vamos cumprir
essa etapa e vamos nos comprometer, como Casa Legislativa, que representa a
totalidade da democracia desta Cidade, a aprofundar o debate em outros
aspectos. Eu penso que é esse o compromisso que nós temos que trazer para esta
Pauta.
Eu também gostaria de destacar o debate
sobre o Projeto que consta da 1ª Sessão de hoje, que é a Lei que estabelece no
município de Porto Alegre quotas de 10% para afro-descendentes nos concursos
públicos.
Já participei de uma dezena de debates
sobre essa questão, e penso que é importante destacarmos um elemento central
desse debate: não se está criando privilégio nenhum: em relação à questão de
quotas, está-se reconhecendo que para afro-descendentes as oportunidades são
diferentes das dos brancos. É esse o reconhecimento que a sociedade brasileira
- tanto na quota para universidade, na quota para serviço público, no conjunto
das ações afirmativas de políticas que incluem o afro-descendente -, está
fazendo enquanto sociedade brasileira: é que o mito da democracia racial é uma
farsa. Se a sociedade brasileira enfrentar o debate de que existe racismo - e
nós precisamos construir formas de acabar com o racismo -, nós vamos estar
deixando para as futuras gerações um grande patrimônio, um grande legado. Essa
legislação vem atender a isso.
E eu finalizo esta primeira intervenção
sobre esse assunto dizendo o seguinte: a Câmara de Vereadores, Ver.ª Maristela
Maffei, fez um concurso público para ajudante legislativo. E os dados desse
concurso público da Câmara de Vereadores mostram como as oportunidades para
brancos são diferentes daquelas para afro-descendentes. Por exemplo, do
conjunto de 10 mil candidatos inscritos nesse concurso, 7% eram negros com 3º
Grau completo e 93% eram brancos com 3º Grau completo. Isso mostra que a
caminhada da sociedade brasileira construiu oportunidades diferentes. Hoje nós
temos 2% de afro-descendentes na Universidade, enquanto temos 98% dos
estudantes do 3º Grau brancos. Isso mostra a necessidade de esta Câmara
enfrentar esse tema e aprovar essa legislação.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo. Sr. Ver. João Dib, demais
Vereadores, Vereadoras - acho que o tempo correu um pouco antes, Ver. Dib -,
prezados amigos que aqui se encontram e os demais que nos assistem nas suas
casas, como já disse o Ver. Renato Guimarães, são muitos os Projetos em Pauta,
mas eu vou-me ater a dois, principalmente. O primeiro é o Projeto do Executivo
que trata da quota de 10% para negros nos concursos públicos do município de
Porto Alegre. Nós queríamos dizer que, no entendimento da nossa Bancada, esse
Projeto é justo e é necessário. Não vamos ainda hoje entrar no detalhe do
Projeto, mas procurar fundamentar e contestar alguns questionamentos que são
levantados acerca dessa questão. Primeiro quero dizer que a questão das quotas
deve ser entendida em um contexto maior das comparações. Não podemos querer
resolver esse problema unicamente com as quotas: faz parte de um conjunto maior
do resgate histórico, do resgate da contribuição do negro para a construção do
nosso País; do combate à discriminação, do combate ao racismo, etc., mas um dos
elementos são as cotas. Para entendermos o porquê da necessidade delas é
importante entender a existência de uma abismal desigualdade na nossa sociedade
entre os negros e os brancos e uma abismal desigualdade quanto às oportunidades
dos negros e dos afro-descendentes. E aí é preciso dizer que essa desigualdade
não surgiu e não decorre de qualquer inferioridade dos negros e dos
afro-descendentes, mas decorre de políticas públicas objetivas de discriminação
do negro. A começar pela escravidão, por quatro séculos; a começar pela Lei das
Terras, em 1850, que excluiu o negro do direito à propriedade; a considerar,
quando houve a Abolição, da busca da mão branca européia para o trabalho livre,
considerando que o negro que havia sustentado a economia por quatro séculos não
era apto para o trabalho livre e, portanto, excluindo-o do mercado de trabalho,
e todas as discriminações que se seguiram.
Portanto, se houve a desigualdade, se ela
ocorreu por conta de uma discriminação negativa, é preciso, hoje, uma política
positiva de inclusão dessa etnia.
Quero lembrar ainda – o Ver. Zé Valdir
sabe disso, porque é um professor – que durante o Império o estudo era proibido
para o negro. Não é que ele tivesse dificuldade: ele não poderia acessar a
escola. Então, por isso, é necessária a questão das quotas.
Outro argumento: isso é inconstitucional,
pois pela Constituição são todos iguais. Existem inúmeras legislações que
tratam os desiguais de forma desigual. Será que o homem tem direito, Ver.ª
Maristela Maffei, aos quatro meses de Licença Gestante? Evidente que não,
porque a mulher é diferente; não quer dizer que seja inferior: ela é diferente
do homem. O idoso tem determinados direitos que o jovem não tem. O jovem tem
outros determinados direitos. Portanto, tratamento desigual dos desiguais é uma
exigência da Justiça, e inclusive, como está na própria fundamentação do
Projeto, a Convenção Internacional sobre eliminação de toda a forma de
discriminação, considera não discriminatórias as políticas positivas que buscam
tratar os desiguais com desigualdade.
Para concluir, porque não é possível, no
dia de hoje, esgotar o assunto, eu quero dizer que nos Estados Unidos, que é
pioneiro nessa experiência, Ver. João Antonio Dib, em 1960, havia apenas 3% dos
negros nas universidades; em 1975, com a aplicação de quotas, já eram 9%, e, em
2000, eram 11%, praticamente os 12% da população negra nos Estados Unidos.
Então, não só é justo, como a experiência tem demonstrado que alcança
resultados positivos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está
com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, quero saudar a lucidez do Executivo em mandar para esta Câmara –
acredito que até com atraso – o Projeto que estabelece quota de 10% nos
concursos públicos aos afro-descendentes. Esse Projeto introduz a questão das
quotas para os afro-descendentes, e sabemos que o estabelecimento de quotas é
sempre uma questão extremamente polêmica, seja para os afro-descendentes, seja
para as mulheres, seja para os portadores de deficiência. No entanto, há duas
razões fundamentais: uma, nós encontramos na própria Constituição. Se nós
fizermos uma leitura adequada da Constituição, vamos que há amparo para o
estabelecimento de quotas, aliás, em relação à mulher e em relação aos
portadores de deficiência, a Constituição é explícita no art. 7º e no art. 37,
que estabelece claramente a idéia das quotas. Portanto, não há nenhum conflito
com a Lei Maior, a Constituição, que é, como disse o Ver. Raul Carrion,
reforçada pelos acordos internacionais de que o Brasil é signatário, indicam
claramente a necessidade de se estabelecer essa política afirmativa de quotas.
A outra questão também já referida pelo
companheiro Renato e pelo Ver. Raul Carrion, é a enorme dívida histórica que o
nosso País tem com relação aos afro-descendentes, aos negros e aos índios,
porque nós sabemos que a colonização do Brasil, assim como a da América, foram
calcadas no trabalho escravo, na exploração dos africanos, dos negros e, que a
tal de Abolição da Escravatura, na verdade, não libertou os negros ou não
impediu a continuidade do processo de discriminação, por uma razão muito
simples, também já referida aqui, quando foi proclamada a tal de Abolição da
Escravatura em 1888, os negros, do dia para noite, encontraram-se em uma outra
situação jurídica, mas a realidade deles em nada mudou, porque eles passaram a
ser homens livres, mas sem terra, sem emprego e sem nenhuma escolaridade,
porque, como foi dito aqui, era, inclusive, proibido aos negros o acesso à
escola. Portanto, essa liberdade jurídica, não se transformou num instrumento
de realização da igualdade, e, de lá para cá, a sociedade brasileira vem se
debatendo, e o negro, especialmente, lutando para transformar a igualdade
jurídica que está na Lei, numa igualdade efetiva. Como nós vamos passar do
discurso para a prática? Hoje, o instrumento que está difundido universalmente
é o de estabelecimento de quotas, é o da discriminação positiva, é nós
tratarmos desigualmente os desiguais, para que os desiguais, os mais fracos,
dentro do Sistema Jurídico, possam acessar os seus direitos e, portanto,
realizar a igualdade de fato. Então, o sistema de quotas é um instrumento de
realização da discriminação positiva, que é a única forma de nós conseguirmos,
realmente, estabelecer, no Brasil uma democracia racial, porque a propalada
democracia racial, como foi dito aqui, é um mito, ela não é verdadeira, o dado
que o Ver. Renato expôs, aqui, do concurso na Câmara, foi feita uma pesquisa em
cima dos 10 mil e poucos candidatos a concursos para a Câmara, e constatou-se o
mapa daquilo que acontece na sociedade, os que tinham nível superior, que se
inscreveram naquele concurso, sete e pouco por cento eram negros, e os outros
noventa e três e alguma coisa por cento eram brancos. Apenas esse dado mostra,
é um retrato do mapa geral da desigualdade que existe no Brasil. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Pauta
contém, hoje, inúmeros Projetos de Lei, que, evidentemente, na sua absoluta
maioria, dariam razão para grandes debates aqui nesta Casa. Na impossibilidade
de enfrentar todos os assuntos que a versatilidade dos projetos nos apresentam,
é forçoso que selecionemos alguns para dar preferência no debate, e cada um de
nós, certamente, a seu talante e dentro da sua ótica, haveremos de privilegiar
esta ou aquela proposição. Eu me sinto particularmente comprometido com o
Projeto enviado à Casa pelo Governo do Município, Projeto que define critérios
para o serviço de transporte por lotação e seletivo, suas tarifas e inserção no
Sistema de Transporte Público da cidade de Porto Alegre. E qual a razão pela
qual eu me sinto comprometido, é que sou compelido a reconhecer que o chefe do
Poder Executivo do Município está honrando com este Projeto, Ver. Isaac
Ainhorn, compromissos assumidos pela sua base de sustentação política no
encaminhamento da matéria aqui na Casa, que gerou a aprovação de Emendas que
foram em juízo impugnadas, que se encontram sub
judice e que agora são convalidadas e revalidadas numa demonstração de
coerência por parte do Poder Executivo. Diz o Ver. Isaac Ainhorn numa demonstração
que me desagrada, geme inclusive nesta hora, certamente o Vereador deve ficar
desagradado, porque o Prefeito está convalidando um processo de entendimento de
negociação na Casa, da qual ele foi divergente, e nós respeitamos a sua
divergência. Agora, aqueles que como nós estavam no processo, só podem saudar a
iniciativa do Prefeito Municipal e com ela declarar o nosso compromisso, Ver.
Elói Guimarães, V. Exa. que atento ao debate consulta os papéis, não há outro
caminho a ser seguido por esta Casa, quando o Município, confessadamente pelo
seu Chefe do Executivo, reconhece a validade da negociação Legislativa,
proclama-a, a consagrada-a e assume a negociação, reproduzindo literalmente
aquilo que foi por nós aprovado, e que as discussões judiciais colocam sub judice, impedindo que se cumpra, por
exemplo, dispositivos que nos sensibilizam, entre os quais, a implantação do
transporte seletivo na Restinga e no Belém Novo.
Então, diante do contexto, Sr.
Presidente, cabe-me, na abertura do debate sobre a matéria, dizer com coerência
que estou com ela comprometido, que buscarei envidar esforços, para que, com a
celeridade devida, a matéria seja devidamente apreciada pela Casa, e que se
possa, de uma vez por todas, conseguir alguns objetivos que foram por nós perseguidos.
É lógico, e nós admitimos claramente, que o momento vai propiciar um debate a
respeito da tarifa do táxi-lotação, e também sobre esse detalhe, nós queremos
discutir, porque nós temos que, objetiva e responsavelmente, fazer uma opção
sobre o que nós queremos organizar nesta Cidade, se é o transporte de massa ou
o transporte seletivo, qual deles é a nossa prioridade.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, frente a sua manifestação anterior, em que V. Exa.
disse que este Vereador teria sido divergente e que manifestava, de outras
formas, a sua irresignação, a única coisa que desejo, Vereador, é o que neste
momento V. Exa. está fazendo na tribuna desta Casa: V. Exa. está discutindo,
agora, o Projeto do Poder Executivo, e já está homenageando o Prefeito de Porto
Alegre pelo teor do Projeto. Eu saúdo V. Exa. Porque, neste momento, inaugura
um processo, com a discussão preliminar de Pauta, de discussão dos temas que
estão aqui nesta Casa.
Como é que vamos aprovar uma matéria tão
importante em questão de minutos ou horas? O que V. Exa. agora está fazendo
merece o nosso respeito e a nossa admiração.
Nós não podemos é “empurrar goela abaixo”
dos legisladores qualquer matéria. Ela tem que ser, isso sim, fruto de um
debate profundo das Comissões e dos pares desta Casa. Muito obrigado.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Eu agradeço pelo aparte de V. Exa. e vou
concluir, Sr. Presidente, já que o tempo se encerrou, dizendo que faz parte da
tradição desta Casa nunca “engolir” qualquer coisa que lhe seja imposta. Se
alguém até hoje “engoliu” alguma coisa que não devia, deve devolvê-la com a
devida brevidade.
Da nossa parte, sempre votamos, Vereador,
conscientes e tranqüilos da responsabilidade do nosso voto. Temos certeza de
que a Casa, mais uma vez, consciente e responsavelmente, vai confirmar uma
decisão anterior, que não foi “goela abaixo”, mas que foi consciente e
deliberada. Era isso, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal
está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. A Ver.ª Maria Celeste está
com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Ver. Pedro Américo Leal, que está compondo a Mesa dos trabalhos neste momento,
eu gostaria de, neste momento de Pauta, discutir o Projeto que foi assunto da
Tribuna Popular desta Casa, quando a Sra. Lúcia Castêncio, Presidenta do
Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, trouxe um Projeto
significativo, importante, a respeito das eleições para os Conselhos Tutelares,
na cidade de Porto Alegre, no próximo ano.
Esse Projeto, na realidade, propõe apenas
a alteração da data, no que temos pleno acordo, uma vez que o próximo ano será
de eleição municipal, eleição que trará novos Vereadores e Vereadoras a esta
Casa e eleição para a Prefeitura de Porto Alegre. Por isso será um ano de muita
turbulência na Cidade.
Qual a importância desse Projeto, de sua
discussão para nós, Ver. Ervino Besson? Eu diria que a importância desse
Projeto para esta Casa é a manifestação das Organizações Não-Governamentais; a
manifestação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; a
manifestação do Fórum de Entidades, que tivemos aqui; a manifestação da
Corregedoria dos Conselhos Tutelares, que tem na sua presidência, hoje, um
representante da Câmara Municipal de Porto Alegre; a manifestação do Fórum do
Conselho e da própria Coordenação dos Conselhos Tutelares a respeito desse
assunto. Uma vez que Porto Alegre foi a primeira capital do Brasil a implantar
e implementar os Conselhos Tutelares, a partir da nova legislação do Estatuto
da Criança e do Adolescente, em 1990, no nosso País. Nós temos uma
responsabilidade muito grande, muito maior na questão eleitoral, uma vez que o
ano eleitoral coincide - pela primeira vez acontecerá isso na história de Porto
Alegre - com as eleições municipais dos Conselhos Tutelares. Há necessidade de
se fazerem outras alterações. Eu tenho ouvido muito dos Vereadores desta Casa,
que há necessidade de que a Lei Municipal contemple outras questões, mas
acreditamos que, assim como a Lúcia Castêncio falou nesta tribuna, que este não
é o momento mais adequado. O momento adequado para isso é aquele em que se faça
um processo, dentro desta Casa, para realmente, discutir a Lei Municipal como
um todo, a partir da próxima legislação, porque não teremos tempo hábil para
discutirmos a questão da Lei Municipal, uma Lei desta Casa. Temos o Estatuto da
Criança e do Adolescente, que foi debatido amplamente no Congresso Nacional,
que teve o apoio de todos os Partidos, em 1990, Ver. Ervino Besson, que me
escuta, para a implementação dessa Lei. A partir de então, os municípios, por
suas Câmaras Municipais, é que estabelecem o processo de regulamentação, com
uma Lei Municipal. É isso que temos que fazer. Nós sabemos que precisamos
constituir outro debate a respeito dessa Lei, mas não temos tempo hábil para
isso, uma vez que precisamos avaliar essa proposta de alteração. Há uma
proposta trazida hoje pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, para que seja em maio essa eleição, e que deve ser avaliada com a
máxima urgência, porque nós temos prazos a cumprir para esse processo, porque
uma eleição do Conselho Tutelar não é simplesmente uma eleição como a que se
estabelece no pleito municipal. Não é simplesmente o processo eleitoral da
questão dos votos, mas é todo um processo de qualificação anterior necessário
ao processo. Então, é feito todo um trabalho de inscrição, de qualificação; as
pessoas têm de apresentar documentação, estarem habilitadas. A Lei Municipal
desta Casa diz que, para concorrer ao Conselho Tutelar, tem de ter no mínimo
dois anos de trabalho na área da infância e da adolescência, tem de ser
comprovado, tem de passar por uma prova. É toda uma legislação muito mais
criteriosa, muito mais rigorosa, com prazos a cumprir. Por isso a opção do
Conselho Municipal em fazer eleição em maio e estabelecer imediatamente esse
processo. Nós precisamos avaliar esse Projeto durante este mês, fazer as discussões
necessárias e aprovar em tempo hábil, para que o processo de seleção cumpra os
prazos necessários, inclusive da legislação anterior.
Por isso, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, eu peço atenção e análise especiais sobre esse Projeto, uma vez que
o Conselho Municipal tem uma certa urgência, em função dos prazos legais. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Apregôo a Emenda n.º
01, de autoria do Ver. Raul Carrion, ao PLCE n.º 006/03, que dispõe sobre a
reserva de vagas para afro-descendentes. A Emenda altera o parágrafo 2º do art.
1º, dizendo: “§ 2º - No caso de abertura de novas vagas durante o período de
validade do concurso público, a reserva de 10% aos afro-descendentes deverá ser
mantida”.
Apregôo também a Emenda n.º 01, de
autoria do Ver. Juarez Pinheiro, ao PLE n.º 100/03. “Altera o art. 1º da Lei
8.912, de 29 de maio de 2002”. A proposição é que seja alterada a ementa e o
art. 1º do Projeto, como o segue. (Lê): “Art. 1º: Denomina Travessa Hélio Dias
o logradouro não-cadastrado, transversal entre as ruas Santa Clara e Allan
Kardec, conhecido como Travessa Cleom Guatimozin, localizado no Bairro Cel.
Aparício Borges, nos termos da Lei Complementar n.º 320, de 02 de maio de 1994
e alterações posteriores.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
gostaríamos de abordar, neste tempo de Liderança, importantes assuntos do
interesse da categoria que a Frente Popular hoje, em Porto Alegre e
nacionalmente, persegue, que são os funcionários públicos. Depois das eleições,
é óbvio, funcionário público virou para o PT, sinônimo de descansado, de quem
só quer buscar seus direitos adquiridos. Aposentado, então, é pior ainda! É
profundamente lamentável o que vem acontecendo. Eu não vou, nacionalmente, me
referir à submissão do Governo Luiz Inácio Lula da Silva aos interesses do
Fundo Monetário Internacional. Estamos vendo, infelizmente, para a nossa
tristeza, hoje, o PC do B como linha auxiliar da defesa dos interesses do Fundo
Monetário Internacional. Infelizmente, tem-se que assistir às permanentes
justificativas, com raras exceções, como a de Jandira Fegali. Mas aqui, na
Cidade de Porto Alegre, Sr. Presidente, a bimestralidade paga no mês de maio,
referente ao IGPM dos meses de março e abril, somou 2,46%. Felizmente, a Câmara
pagou aos seus funcionários ativos essa bimestralidade. O Executivo não pagou
para os funcionários ativos os 2,46%; infelizmente, por um decreto, pagou
apenas 0,54% para os seus funcionários ativos e aposentados. A Câmara, que tem
o nobre dever constitucional de fazer o Executivo cumprir a Lei, nesse caso,
até agora, não está atuando da forma como deveria, no mínimo, da denúncia
permanente a essas afrontas que têm sido feitas ao trabalhador, ao municipário,
que permitiu que o PREVIMPA pagasse aos aposentados do Legislativo o percentual
de 0,54%, o mesmo percentual pago aos funcionários ativos e inativos do
Executivo. O que nós estamos assistindo aqui, hoje, é aquilo que prevíamos:
infelizmente o PREVIMPA, da forma como está constituído, não tem independência,
e se constituiu e vem se constituindo numa linha auxiliar dos interesses do
Executivo, na forma de Fundação que tanto V. Exa. sustentou, Ver. Juarez
Pinheiro, mas não tem independência na defesa dos interesses dos funcionários
públicos municipais, esses que V. Exas., que o PCdoB e que o PT se esqueceram:
os aposentados. E não dá para tratar aposentado como cidadão de segunda; os
aposentados, Ver. Juarez Pinheiro, não podem ser tratados como cidadãos de
segunda! Os aposentados da Câmara têm que receber o mesmo reajuste que os
demais funcionários da ativa, a exemplo do Executivo também. Esse assunto já
tem até uma manifestação da Comissão de Constituição e Justiça, e nós temos que
tomar medidas rigorosas como instituição; já que o PT não quer, nós temos
condições, porque a oposição, felizmente, é maioria nesta Casa, e não pode se
prestar nem à Mesa. Eu acho que V. Exa., que é homem de oposição na cidade de
Porto Alegre, Ver. Elói Guimarães, e membro da Mesa, deve buscar respaldo
juntamente com o Ver. João Antonio Dib nos interesses maiores dos municipários,
reunir a Mesa e buscar medidas judiciais, em nome da Câmara, para cobrar essa
afronta que foi feita aos funcionários públicos municipais de retirar a sua
bimestralidade, princípio esse que foi consagrado, através de Lei, da época da
administração trabalhista da cidade de Porto Alegre, do PDT. A Lei é daquele
tempo, Vereador.
Por último, vou entrar com as medidas cabíveis,
quero saber de algo muito grave que está acontecendo, que é uma informação
acerca do uso dos fundos do PREVIMPA para o caixa único da Prefeitura, na faixa
de quatro milhões de reais. Como é que vão fazer fundo, Vereador, que fundo é
esse, que balela é essa do Governo municipal, do Sr. João Verle, e que V.
Exas., aqui, silenciam, e não falam nada!
Gostaria de saber disso. Tenho a
informação e quero ver se isso, efetivamente, está acontecendo, porque se for
verdade, é caso de improbidade administrativa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amigos
que nos acompanham no canal 16, quero ler, aqui, uma matéria que recebo da
Associação do Moinhos de Vento, que diz o seguinte: (Lê.) “O que está
acontecendo no bairro Moinhos de Vento na cidade de Porto Alegre é conseqüência
dos conceitos de ‘densificação’ e ‘miscigenação’ que não tem um limite no Plano
Diretor. Esses dois conceitos, pedras fundamentais do Plano Diretor, levam à
saturação, e a saturação não inclui, não consegue incorporar nenhum item de
qualidade de vida no Bairro.
O Centro da Cidade e a Independência são
exemplos vivos da aplicação desses conceitos de saturação. O que o Moinhos
Vive, por exemplo, reivindica, é o conceito de ponto de equilíbrio. O que
achamos é que o Moinhos já atingiu, e que consegue incluir itens de qualidade
de vida.
Aqui, já miscigenamos o comercial com o
residencial no limite do conceito de ponto de equilíbrio. Também o antigo e o
novo, o alto e o baixo, o cimento e o verde, assim como já densificamos o
suficiente.
Queremos a manutenção desse status. Desse ponto de equilíbrio que
valoriza o Bairro, a Cidade e os cidadãos.
O Bairro é uma propaganda da Cidade para
o resto do Brasil.
Fora a total falta de infra-estrutura
para a ‘densificação’, que a Prefeitura quer impor ao Bairro. Basta lembrar os
alagamentos da Av. Goethe, sem solução.
A Prefeitura fala muito em baratear o
custo da Cidade, ‘densificando’ áreas com infra-estrutura. Esquece o custo de
áreas que foram saturadas, que foram abandonadas, desvalorizadas. Uma Cidade
que tem apenas um milhão e 400 mil habitantes e que cresce somente 1% ao ano não
precisa o conceito de ‘densificação’.”
Está dado o recado em nome da Associação
do Moinhos de Vento.
A cidade de Porto Alegre, ontem, viveu
momentos de profunda intranqüilidade e de tristeza de todos nós com a greve na
área da Saúde. Deveria existir um dispositivo que proibisse a greve na área da
Saúde, porque não é possível convivermos com o problema da Saúde e os hospitais
não podendo receber pessoas que chegam ali para serem atendidas até no sistema
de emergência. Isso não tem cabimento! É evidente que as reivindicações, todas
elas, são provenientes e têm razão de ser, mas greve da Saúde? Eu sou pelo
diálogo e que todos nós nos empenhássemos no sentido de que um dispositivo
fosse acionado, fosse criado para que a greve da Saúde fosse proibida em todo o
território nacional. Como fazer greve contra o sistema de Saúde?
Eu preciso falar alguma coisa sobre o
muro da Mauá, que causou certas controvérsias e opiniões na Cidade. Eu não pedi
num Projeto de Lei a derrubada do muro da Mauá; pelo contrário, eu apenas
ativei, em nome de um grupo de engenheiros, um reestudo a respeito da proteção
que o muro da Mauá realmente dá à cidade de Porto Alegre. Se realmente essa
proteção, que foi criada há tantos anos, em função da enchente de 1941, é o
suficiente para que nós enfrentemos uma possível revolta da natureza em torno
de uma nova inundação em Porto Alegre. Então, não é simplesmente que o Haroldo
quer derrubar o muro da Mauá. Não, o Haroldo quer que a sociedade de Porto
Alegre interfira para que aquele canto da Cidade - a Cidade está de costas para
o rio - seja revigorado em termos de turismo.
Para encerrar, eu estou me inteirando de
alguns fatos que estão acontecendo entre a EPTC e os proprietários de veículos
que transportam alunos; o transporte escolar no município de Porto Alegre. Há
algumas denúncias gravíssimas, e estou me inteirando de todas elas neste
momento e voltarei ao assunto, mas gostaria que a EPTC já se preparasse, porque
vem chumbo! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo. Presidente João Antonio Dib, demais
Vereadores, Vereadoras, todos os que acompanham os trabalhos no dia de hoje, e
os que nos acompanham nas suas casas através da TVCâmara. Em primeiro lugar nós
queríamos, aqui, saudar os nosso atletas que no PAN estão dando uma
demonstração de grande dedicação, levando o prestígio do nosso País a um
patamar até hoje não alcançado, tornando o Brasil a terceira potência esportiva
do Continente, atrás somente dos Estados Unidos, que historicamente sempre tem
tido no mundo uma posição de vanguarda; e da pequena Cuba, que com apenas 10
milhões de habitantes tem mostrado o quanto o seu regime socialista tem levado
de avanço para o povo cubano, a melhor educação do Continente, a melhor saúde
do Continente, alguns índices são os melhores do mundo, e transformando a
pequena e aguerrida Cuba numa potência esportiva.
Mas é importante dizer que o papel
desempenhado pelos atletas brasileiros, não é fruto do acaso, Ver.ª Maristela
Maffei, está calcado em cima da chamada Lei Agnelo Piva, do nosso Ministro
comunista, Agnelo Queiroz, que junto com o Senador Piva articulou essa Lei que
destina 2% das nossas loterias para o esporte. Esse dinheiro permitiu a
preparação e a formação de equipes e o grande desempenho que já neste PAN o
Brasil está tendo e que certamente nas Olimpíadas e em outros grandes eventos
desempenhará.
Queria registrar também a nossa
satisfação pela decisão da Mesa, na manhã de hoje, que acolhendo um pedido
nosso, no sentido de uma Sessão Solene nesta Casa em homenagem aos atletas
gaúchos, deferiu num sentido de um comparecimento desses atletas aqui, o que me
parece que responde a nossa intenção, que era a de a Bancada do PCdoB
homenagear esses atletas, no que sente-se em júbilo pelo acolhimento da Mesa.
Parece-nos, até, Ver. João Antonio Dib, que a Mesa encaminhou de uma forma
criativa, porque o comparecimento permite que, num dia normal de Sessão,
homenageemos esses nossos grandes atletas.
Por fim, eu quero tratar da importante
reunião que realizamos no dia de ontem, na CUTHAB, composta por este Vereador e
pela Ver.ª Maristela Maffei, Vice-Presidente, e pelos Vereadores Wilton Araújo,
Zé Valdir e Valdir Caetano, em que recebemos diversos órgãos do Município, do
Estado e Federais, como a Universidade Federal, o Departamento e a Capitania de
Portos, o DEP, o Rio Guaíba e diversas outras entidades, para discutir o
problema do nosso muro da Mauá. A discussão foi bastante profícua, válida e, de
lá tiramos três encaminhamentos. Primeiro, o entendimento de que é necessária a
existência de um sistema de proteção contra enchentes em Porto Alegre, como foi
a de 1941 e outras. Mas o que se discute dentro desse sistema, que é formado
por 62 quilômetros na sua totalidade, com diques, com 18 casas de bombas, com
14 comportas, com 2.640 metros de muro, é se deve haver o sistema do muro ou
não. O entendimento é que deve haver um sistema. Agora, tecnologicamente, pode
ser o muro ou pode ser outro. Evidentemente que a Comissão não se posicionou,
está aberta para o debate; um debate suscitado pelo Projeto do Ver. Haroldo de
Souza. Mas foram três encaminhamentos que entendemos adequados. Primeiro,
estamos pedindo ao DEP as informações totais sobre o sistema e o estado da
operação deles. Segundo: queremos discutir alternativas tecnológicas; terceiro:
faremos uma vistoria, quando tivermos esses dados na mão e, aí, realizaremos
uma nova reunião para apreciar, de forma mais definitiva, a questão.
Muito obrigado pela paciência do
Presidente João Antonio Dib.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, a Bancada do PPS - hoje e durante esta semana com a presença do
Ver. Paulinho Ruben Berta, que muito honra esta Bancada - vem a esta tribuna
fazer uma denúncia sobre o que esta Frente Popular – a Prefeitura dos sonhos do
Partido dos Trabalhadores - está desenvolvendo paulatinamente, ou seja, um
plano de retirada das conquistas dos funcionários municipais da cidade de Porto
Alegre. E quem há tempo, Ver. Elói Guimarães, representa e tem identidade com
os funcionários municipais tem a preocupação de ver, nos últimos meses, sendo
implementado um plano voraz de retirada de todos os benefícios. Primeiro, a
bimestralidade: está indo! Segundo: estamos informados, e muito bem informados,
assim como outros Vereadores de oposição desta Casa, de que está chegando à
raia do absurdo. Recebi uma comissão de funcionários da Secretaria de Obras do
Município, da qual tive a honra de ser Secretário por um período. Chega a doer
na alma ver operários, pessoas que não têm as mínimas condições, com salário
baixíssimo, que recebiam migalhas, é bem verdade - não era grande coisa -, mas
recebiam o café com leite, o pão na hora do lanche, e hoje, Ver. Haroldo de
Souza, conseguiram lhes tirar até o leite! Estão fazendo economia até nisso.
Pasmem, Srs. Vereadores, estão fazendo economia com o leite do lanche dos
operários! Eu não vejo nenhum Vereador da situação vir aqui explicar. Eu não
vejo ninguém trazer uma explicação plausível, de quantos centavos representam
para os cofres públicos um copo de leite. Um Município, que sofreu um inchaço
de cargos em comissão e que recebem horas extras, uma vergonha, destinados não
sei a que fundo! Falam que é partidário. Não sei a que fundos servem esses
cargos em comissão? E têm a cara-de-pau de tirar o leite!
Ora, quando o Prefeito João Verle veio
com aquela preocupação de que o Município teria déficit no final do ano, nós
começávamos a imaginar que coisas não muitas sérias estavam acontecendo ou
tinham acontecido na Prefeitura. Isso é verdade, mas também é verdade que eles
estão usando esse pretenso futuro déficit para tirar as migalhas do operariado.
Não vejo ninguém que suba à tribuna para explicar a mesquinhez desse Governo.
(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac
Ainhorn.)
Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa. provoca muito
bem, quando fala sobre os aposentados no Município. Onde está a garantia de
aposentadoria no Município? Onde está aquela redenção, Ver. Isaac Ainhorn,
prometida pelo PREVIMPA? Eu tenho certeza, Ver. Isaac Ainhorn, de que assim
como lá - malfadada hora que retiraram a aposentadoria do povo brasileiro –,
aqui ela já estava fadada a desaparecer pela má administração, pela má gestão
do dinheiro público. Agora, tirar o leite, esta foi demais! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Com a autorização do
meu Líder, Ver. Pedro Américo Leal, eu utilizarei o Tempo de Liderança da nossa
Bancada. Solicito ao Ver. Elói Guimarães que assuma a presidência dos
trabalhos.
(O Ver. Elói Guimarães assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cheguei
à Presidência desta Casa com o apoio da minha Bancada. Cheguei à Presidência
desta Casa com a aprovação do Diretório Metropolitano do meu Partido e, também,
do Diretório Regional do meu Partido. Mas, ao assumir a Presidência, eu entendi
que Presidente é de todos os Vereadores, é o Presidente do Legislativo, e tenho
agido assim. Tenho levado algumas responsabilidades com a seriedade que têm que
ser levadas e tenho levado culpa de coisas que não me cabem, mas dizer que a
Mesa da Casa não esteja atenta a tudo o que ocorre no Município é não
acompanhar o trabalho da Presidência.
Eu devo dizer que, no mês de junho, este
Vereador Presidente poderia ter subido a esta tribuna e se vangloriado de um
fato: o Vereador constatou má informação nos números do Executivo Municipal,
mas o Vereador entendia que há um Plenário, que há um Legislativo e que não era
só ele, o Presidente, que deveria falar. Então, encaminhou, pediu o Parecer da
Comissão de Justiça, comprovando os números falsamente informados aos
municipários. O Secretário, o
Prefeito ou não sei quem deu a informação de que a arrecadação da Prefeitura,
nos 12 meses que medeiam entre maio de 2002 e abril de 2003, foi de um bilhão e
460 milhões de reais, e que isso daria o percentual de 51,4% de gastos com
pessoal em relação às receitas correntes. Este Vereador, com documento, mostrou
que, na realidade, o valor era um bilhão, 512 milhões de reais. Inclusive, numa
entrevista feita pelo jornal Correio do Povo, o Secretário da Fazenda confirmou
que foi um bilhão, 512 milhões de reais e não um bilhão, 460 milhões, mas
queria dar explicações sobre o um bilhão, 512 milhões de reais. Foi informado
ao Tribunal de Contas, e o documento que eu aqui mostrava era exatamente esse.
Encaminhei à Comissão de Justiça para que fosse examinado o problema. Eu não
tenho culpa, a Mesa não tem culpa se o processo não andou. No dia 30 de junho,
eu esperava votar, neste plenário, aquela tomada de dinheiro de dentro do bolso
do municipário feita pelo Prefeito João Verle. Ele deveria dar os 2,46% da
bimestralidade, porque só atingia 49% e não 51% e alguns quebrados que ele
informava. Não deu. Eu encaminhei à Comissão de Justiça, e não tenho a
resposta. Assim como encaminhei à Procuradoria e não me satisfez a resposta à
análise do último Decreto, que deixa dúvidas, e eu não aceito dúvidas, porque
sempre disse desta tribuna, que lei deve ser clara, precisa, concisa e
respeitada.
Os nobres Vereadores sabem que, na
presidência, eu não sou diferente do Ver. João Dib que senta ali ao lado do meu
Líder, Ver. Pedro Américo Leal. Eu vou continuar o mesmo. Saúde e paz!
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. João Antonio Dib reassume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais do
que nunca a Cidade volta a sua visão preocupada com as ocorrências na área da
saúde. Nós, que temos denunciado, sistematicamente, as questões da saúde, Ver.
Pedro Américo, notamos que - depois dessa guerra não declarada, que culminou na
greve dos médicos, em que o Secretário, entre aspas, foi prestigiado, apesar do
gravíssimo erro político que cometeu de se voltar contra uma categoria inteira,
injustamente, que era também a categoria do Secretário -, de uma forma
elegante, entre aspas, sugeriram ao Secretário que ele saísse para dar lugar a
outra pessoa.
Mas, na verdade, sustentaram uma parede
contra os médicos, da forma mais teimosa, prestando um desserviço à comunidade
porto-alegrense. E os médicos - com a absurda decisão judicial, cobrando do
sindicato 500 mil reais, por dia, se eles mantivessem a greve - sentiram o
golpe e recolheram-se. Pois essa mesma Magistratura que condenou os médicos a
terminar com a sua greve, propôs, agora, a sua própria greve. É muito
interessante. Logo a seguir, parecia que as coisas estavam absolutamente
normais, que não tinha havido nada nessa convulsão diária da saúde, em que nós
somos testemunhas na linha de frente, da impossibilidade de consecução de um
leito, da impossibilidade de cobrir a cidade de Porto Alegre com atendimento
primário, com bolsões de população em grande quantidade, 20, 30 mil pessoas sem
ter a quem recorrer num posto de saúde. E a desumanidade do processo, voltando
muitas vezes com uma doença grave, dizer para o paciente que ele volte para o
seu médico assistente no seu posto de saúde. Mas não existe o posto de saúde! É
esse clamor que nos faz agora, nessa vergonha e nesse descalabro na área da
saúde em Porto Alegre, pedir a todo este Plenário, e em especial à Bancada do
Partido dos Trabalhadores, que nos ajudem na iniciativa de fazer uma CPI na
área da saúde. Pois, esses mesmos funcionários da Prefeitura, que são os
médicos, tratados dessa forma, vão ter a companhia agora e o desprezo dessa
Prefeitura ao seu funcionalismo, a cada hora existindo um responsável pelo déficit
público. Todos nós sabemos que a Prefeitura teve de arcar com todo o pessoal do
Governo Estadual, que passou para as fileiras do Município, provocando esse
déficit de 75 milhões de reais. Essa atitude de, discretamente, delicadamente,
mudar agora o Secretário é uma forma de querer esvaziar a idéia de uma CPI, que
é urgente e que é imprescindível para se detectar onde estão as lacunas, os
defeitos do sistema e se abrir essa verdadeira “caixa-preta” em Porto Alegre,
que é a saúde.
Já encerro, Sr. Presidente, dizendo que
eu conclamo toda esta Casa, todos os seus Vereadores a votarem, inclusive e
principalmente a Bancada do Partido dos Trabalhadores, a favor da criação de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito nesta Casa, para apurar esse descalabro,
esse caos na área da saúde. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Antonio Dib, Presidente desta
Casa, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, este debate proposto pela oposição
nesta Casa, pelo Ver. Isaac Ainhorn e pelo Ver. Cláudio Sebenelo, é prontamente
aceito por nós. Uma das características do modelo neoliberal é a concentração
econômica e a retirada dos direitos dos trabalhadores. Pois, vejam só, o Ver.
Isaac Ainhorn veio a esta tribuna - de forma veemente e até nervosa – criticar
a política salarial do município de Porto Alegre. Até parecia que o Ver. Isaac
Ainhorn não estava usando a tribuna, não da Câmara de Porto Alegre, mas talvez
de um dos municípios que o PDT administra ou então os seus aliados
conservadores, porque o modelo neoliberal que retira direitos dos
trabalhadores, tem recebido, sim, a guarida do populismo, tem recebido o apoio
do conservadorismo. E o município de Porto Alegre, Ver. Isaac Ainhorn, tem
melhor política salarial que qualquer município! Qualquer um dos cinco mil
municípios deste País!
O Líder do PPS e o Líder do PDT vêm aqui
fazer críticas à política salarial de um Município que, desde a criação do
Plano Real, deu 290% de reposição salarial. Apontem-me um município dirigido
pelo PDT; apontem-me um município dirigido pelo PSDB, Partidos que fizeram as
críticas mais veementes, que tenham 30% da política salarial que nós temos no
município de Porto Alegre. Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras: 290% foram
repostos aos trabalhadores municipais. E o que atualmente, realmente,
Vereador-Presidente, se encontra na Comissão de Constituição e Justiça? O
município de Porto Alegre, que gastou 36 milhões de reais no ano de 2002, acima
daquilo que foi repassado para os gastos de saúde, o Município que tem as
maiores políticas sociais, que beneficia as categorias menos protegidas, os
mais desvalidos, pois este Município, contrariamente ao que falou o Líder do
PPS, é o que tem a melhor política salarial, Ver. Pedro Américo Leal, a melhor
do País, de todos os entes federados, sejam municípios, sejam estados, a melhor
política. É o Município, Ver. Isaac Ainhorn, que tem os maiores investimentos
em saúde! Aponte-me um município que invista mais em saúde que o de Porto
Alegre. Um Município que radicaliza a democracia e não a subtrai, como faz o
Governo Rigotto. Um Município que tem políticas sociais, Ver. Isaac Ainhorn.
Pois nenhum município conseguiu fazer com que concomitantemente ao aumento,
sim, do número de trabalhadores, não como disse o Ver. Wilton Araújo, com
referência aos CCs, que há exatamente o mesmo número que tinha quando os
conservadores dirigiam essa Cidade, ou o populismo... Pois este Município, que,
como nenhum outro município, tem políticas sociais, que tem política salarial,
não poderia, neste momento por que passa a Nação, não ter dificuldades. Ele
atingiu, Ver. Pedro Américo Leal, a margem prudencial de 51,3% de gastos com os
servidores públicos municipais. E este Município, como nenhum outro, respeita
os trabalhadores e não chora, não, Ver. Isaac Ainhorn. Pois parece-me que V.
Exa. aqui chorou o Montepio, e há o PREVIMPA, e V. Exa. aqui, a bem da verdade,
disse que queria confirmar a informação...
(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac
Ainhorn.)
Não gastou nenhum dinheiro indevido, não,
Ver. Isaac Ainhorn, o que gastou para pagamento de pensionistas... E o aparte
do Vereador, anti-regimental, um aparte nervoso do Ver. Isaac Ainhorn, eu o
aceito porque quero responder, Vereador: o que foi utilizado para o pagamento
de pensionistas o foi legitimamente de acordo com a Lei que trata do PREVIMPA,
a sua Constituição, que é a Lei do Fundo de Compensação. Vereador, V. Exa. já
falou, escute-me Vereador, eu estou respondendo ao seu questionamento: V. Exa.
estava mal-informado, Vereador, o Fundo de Compensação Previdenciária autoriza,
em momentos de dificuldades, a utilização para o pagamento de pensionistas. Não
houve nenhuma burla à Lei. Portanto esse debate de políticas sociais, de
aumentar o número de trabalhadores, sim, mas de trabalhadores concursados, de
trabalhadores efetivos, porque a lógica do Estado pequeno é a lógica do Partido
do Ver. Wilton Araújo, que fez PDV neste Estado, no Governo Britto, que
diminuiu o número de trabalhadores da Segurança e da Saúde! Nós não diminuímos,
não, Ver. Pedro Américo Leal, nós aumentamos o número de trabalhadores em todas
as áreas, na área social, no desenvolvimento econômico, em tudo aquilo que
interessa à maioria da população. Portanto, o debate de política salarial é um
debate que nós queremos fazer, temos tranqüilidade para fazer, vindo o debate
do populismo, vindo o debate do conservadorismo, porque nenhum município tem
política salarial como nós temos.
E eu quero, por fim, dar esclarecimento,
até porque discutimos essa matéria na Comissão de Justiça, no sentido de que o
artigo que tratava da bimestralidade foi julgado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal.
Para concluir, Presidente - esse assunto
é importante -, nós vínhamos pagando, inclusive, sem dispositivo legal para
pagar. Portanto, Ver. Wilton Araújo, tem de se informar mais para vir fazer e
propor esse debate; nós voltaremos, e gostaria de dizer que nenhum município
neste País tem a política salarial que há em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, em homenagem a V. Exa. e
à Casa... Eu sei que V. Exa. foi questionado a respeito de posicionamento com
relação à bimestralidade, e V. Exa. informou, com correção, que, em junho,
encaminhou à Comissão de Justiça uma consulta a respeito da legalidade do ato
praticado. Eu quero informar a V. Exa. e à Casa que essa matéria foi
distribuída pelo Ver. Elói Guimarães, que já prolatou o Parecer, que foi
amplamente discutido no dia de ontem; está nas 48 horas de pedidos de vista e
será, ainda nesta semana, definitivamente votado e encaminhado a V. Excelência.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, Ver.
Reginaldo Pujol.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu tenho
participado da mobilização que faz a união gaúcha em defesa da Previdência
Social, e ainda nesta semana, na segunda-feira, participamos de um grande ato
envolvendo essa questão, que, a nosso entender, é muito grave e é uma questão,
diríamos até, de estabilidade das próprias instituições democráticas. Porque o
que está a se fazer, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, é um
Projeto, é uma Lei “frankenstein”. Tivemos a oportunidade de cunhar esta
matéria que está sendo encaminhada pelo Governo Federal lá no Congresso
Nacional, e podemos dizer que é um verdadeiro “frankenstein”. Vai
desestabilizar a administração brasileira, a começar pelos chamados subtetos,
Ver. Haroldo de Souza. Há teto para todos os gostos, há teto para municípios,
há teto para o Legislativo, há teto para o Judiciário, então, é uma verdadeira
“colcha de retalhos” que está saindo do Congresso Nacional, pois, inquestionavelmente,
além de mexer em cláusulas e direitos adquiridos, este “biombo” vai determinar
com que o Judiciário em nosso País, Ver. Pedro Américo Leal, tão logo se
defina, e não acredito que se defina isso, mas definindo-se como está, o
Judiciário vai parar para ter de atender aos milhões de ações por este País,
milhões de ações questionando as mais diferentes questões envolvendo a
Previdência Social. Quebra-se a coluna dorsal da isonomia, por exemplo, daquele
tratamento um tanto quanto possível entre Legislativo, Judiciário e Executivo.
Então, olhem, vão apresentar-se situações as mais esdrúxulas, as mais, vamos
dizer assim, incompreensíveis, do ponto de vista de uma análise de um assunto
que deveria ser tratado com seriedade, responsabilidade e com dados técnicos.
Então o que eu vejo nisso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é exatamente a
instabilidade da Administração, e dizíamos, no Encontro, que a Administração é,
por assim dizer, o motor do Estado; não existe Estado sem Administração, sem
este aparelhamento que se faz exatamente por intermédio do quadro de
servidores, sejam eles do Legislativo, Judiciário ou Executivo. Então, é uma
“colcha de retalhos” que vai paralisar o Judiciário brasileiro e vai tornar
absolutamente inadministrável a própria Administração, tal o cipoal de
incoerência, de injunções, de quebras de direitos, etc., etc. e tal.
Então, estamos aqui na tribuna para
manifestar o nosso espanto, porque é aquela pergunta: a quem interessa lançar
esse verdadeiro cipoal de incompreensões que não observa nenhuma linha, não
observa a coerência, não é sistematizado, enfim, é uma verdadeira “coisa”? Essa
Lei, se chegar a se concretizar, será um verdadeiro “frankenstein” que se
pretende jogar na Administração brasileira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, recentemente nós estivemos na Escola Estadual de Ensino Fundamental
Oscar Coelho de Souza, que fica na Estrada do Varejão, lá no Lami, e há um
detalhe importante: essa escola, que é uma escola de Ensino Fundamental, está
solicitando, por intermédio da Prof.ª Cleonice Valeda, que conheço há muitos anos
e com quem tive a oportunidade de trabalhar junto. A Prof.ª Cleonice, Diretora,
está fazendo um movimento na região para que a Escola consiga obter o Ensino
Médio. Um detalhe importante: a partir de Belém Novo até Itapuã - são quase
mais de 20 quilômetros - não existe nenhuma escola de Ensino Médio naquela
região.
Então nós estamos fazendo um movimento
junto com a Prof.ª Cleonice. Já marcamos uma reunião com o Secretário de
Educação do Estado e vamos marcar uma reunião com o Governador do Estado,
porque entendemos que aquela região necessita ter uma escola de Ensino Médio.
Algumas escolas
particulares aqui de Porto Alegre, já estão envolvidas e já começaram a fazer a
primeiras doações de livros. Estou entusiasmado, porque já temos duas kombis
lotadas de livros, são mais de 2 mil acervos.
Foi criado também o EJA naquela região, o
ensino supletivo, e, num primeiro momento, quase 600 alunos se inscreveram para
fazer o ensino supletivo.
Só tem um detalhe: se eles quiserem fazer
o ensino médio, têm de andar mais de 15 quilômetros, mas dentro de Porto
Alegre.
Então, é inadmissível que, a partir de
Belém Novo até Itapuã, num raio de quase 30 quilômetros, não tenhamos uma
escola de Ensino médio.
É um tema que vamos bater, aqui, de forma
sistemática. Tenho a certeza , por conhecer a sensibilidade que o Secretário
José Fortunati tem, inclusive em relação àquela região, que o Secretário será
sensível a essa necessidade. Se falássemos em 20, 30 quilômetros em outros
municípios, ainda poderíamos entender, mas dentro de Porto Alegre não termos
uma escola de Ensino Médio num raio de 30 quilômetros é inadmissível.
Por isso, acolhemos essa bandeira.
Estamos já há três semanas fazendo esse movimento. Volto a dizer: as primeiras
escolas com as quais fizemos contato para a doação de livros já nos deram
retorno. Já temos quase duas Kombis lotadas de material, e vamos ter muito
mais; tenho certeza de que em um mês teremos mais de 10 mil livros doados,
porque somos da área do ensino, e, quando vamos pedir, os alunos e diretores têm
sido parceiros.
O que queremos, agora, é que o Governo do
Estado também seja parceiro no anseio daquela comunidade, porque é inadmissível
andar 30 quilômetros para conseguir uma vaga.
Imaginem um aluno que more em Itapuã, que
pegue um ônibus às 11 horas: vai chegar a 1h da manhã na sua residência. E,
quando pára o ônibus na estrada, tem de andar mais 4 ou 5 quilômetros; e não é
de carro: é a pé, ou tem alguém esperando com um cavalo. Porto Alegre é muito
rica em áreas rurais, até as pessoas que produzem receberam, recentemente a sua
isenção.
Então, convido os Srs. Vereadores a se
engajarem nesse movimento. Quando tivermos a reunião com o Secretário,
gostaríamos de contar com a presença dos demais Vereadores, porque é um
problema de todos nós, pois aquela região precisa ter o Ensino Médio.
Voltamos a dizer para aquelas pessoas que
nos assistem pela televisão: é Porto Alegre, sim: num raio de 30 quilômetros
não existe nenhuma escola de Ensino Médio na Zona Sul da nossa Cidade. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi
atentamente o Ver. Elói Guimarães na sua manifestação, extravasando a sua
preocupação com o quadro deveras complexo que se verifica na Nação nos dias
presentes.
Eu quero, com relação a essa Reforma da
Previdência, muito cedo, correndo o risco até, da necessidade do
arrependimento, emitir algumas opiniões.
Dizem que essa Reforma, Ver. Wilton
Araújo, se fundava em uma base falsa, porque tudo que se ouvia dizer era que a
Seguridade Social era deficitária, quando na verdade, não é. Foi amplamente
demonstrado - aqui estiveram técnicos ocupando a Tribuna Popular que demonstraram
claramente a inexistência desse déficit na Seguridade Social. Pode ser que
ocorra déficit na Previdência Social e não na Seguridade Social.
É preciso que se saiba e que se leve em
conta que, além das contribuições dos empregados e dos empregadores, são
recursos da Seguridade Social aqueles tributos nacionalmente criados com essa
finalidade. O COFINS, por exemplo, o próprio nome diz: Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social, e deve ser contabilizado para essa
finalidade. Como também a CPMF: sabemos que 0,20% é destinado à Saúde - Saúde
essa que é da Seguridade Social -, 0,10% é destinado à Previdência Social e
0,08% é para o Fundo de Combate à Pobreza; esse é o seu histórico. Se eles
estão sendo canalizados para essa finalidade ou não, Ver. Pedro Américo Leal,
isso é outra conversa. Então, se esses recursos fossem realmente canalizados
para o fim para o qual foram criados, teríamos hoje superávit na Previdência
Social e não déficit na Seguridade Social como foi equivocadamente anunciado.
Mas o Ver. Elói Guimarães se preocupa
muito com o Poder Judiciário, e acho que é relevante se preocupar com esse
Poder, que, se não funcionar adequadamente, estamos com tudo perdido. Não sei
por que os Governos não aplicam o bom senso. Estou dizendo os Governos, porque
lembro que em 1996, o então Deputado Federal pelo PFL e hoje Deputado Estadual
pelo PP, Jair Soares, com autoridade de ex-Ministro da Previdência, Relator que
era da Comissão, procurou o Presidente Fernando Henrique, na ocasião, e disse o
seguinte: “Ora, vamos fazer algumas coisas simples. Vamos fazer uma regra para
o futuro. Vamos garantir os direitos adquiridos até agora e vamos criar uma
regra de transição, de adequação entre aqueles que estão na expectativa do
direito, alguns mais próximos, outros mais distantes e aí vamos,
progressivamente, alcançando os objetivos que queremos”.
Houvesse o Presidente Fernando Henrique
assumido essa proposta simples, mas conseqüente, em 1996, hoje transcorridos
nove anos, as coisas já estariam consideravelmente modificadas. Mas não é
assim; quer-se fazer um negócio sem definir claramente uma regra de transição e
a finalidade transforma, ao cabo, a Reforma Previdenciária numa Reforma Fiscal.
Isso está-se resumindo, é o que observamos, que ficará consignado, no final, na
criação indireta de novos tributos, com os aposentados sendo tributados e com
coisas dessa ordem.
Portanto, o Ver. Elói Guimarães tem toda
a razão quando tem essa preocupação. Fui, inclusive, Ver. João Antonio Dib,
chamado à atenção por alguns colegas que dizem: “Mas, vocês! As obras da
Prefeitura estão todas paradas, a Saúde está desorganizada, enfim, todos esses
problemas e vocês não falam nisso, estão falando nessas Reformas, já não
agüentamos mais ouvir falar em Reformas”. Mas a verdade é que essas Reformas
vão dizer respeito a todos os brasileiros e, por isso, seria altamente
conveniente que houvesse luzes, que houvesse bom-senso, que essas negociações
que começaram a prosperar chegassem a um final, e que nesse final pudéssemos
superar esse negócio e começar a cuidar deste País, que está vivendo uma
recessão econômica gravíssima que tem todos os seus indicativos a provar a
negatividade da atividade econômica no País. Estou sendo repetitivo: vamos
responsável e pacientemente, cuidar desse assunto e ter a sensibilidade de
evitar que as coisas piores aconteçam neste País.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos à
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos
constantes na Ata.)
A
SRA. MARIA CELESTE (Requerimento): Sr. Presidente, de
acordo com as lideranças, queremos propor a seguinte Ordem do Dia para o dia de
hoje: PLCL n.º 019/01, PLL n.º 234/02, PLL n.º 009/03, PLE n.º 008/03, PLL n.º
037/03, PLL n.º 049/03, PLL n.º 050/03, PLL n.º 061/03, PLL n.º 068/03, PLL n.º
075/03, PLL n.º 097/03, PR n.º 036/02, PR n.º 028/03, PR n.º 030/03, PR n.º
046/03, PR n.º 023/03, e ainda dois Requerimentos: n.º 136/03, pedido do Ver.
João Carlos Nedel, Período de Comunicação, e nº 146/03, um pedido de Sessão
Solene da Ver.ª Maria Celeste.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver.ª Maria Celeste,
eu vou pedir que V. Exa. confira: PLCL n.º 019/01, PLL n.º 234/02, PLL n.º
009/03, PLE n.º 008/03, PR n.º 059/02, PLL n.º 200/02, PR n.º 112/02, PLL n.º 061/03,
PLL n.º 068/03, PLL n.º 075/03, PLL n.º 097/03, PR n.º 036/02, PR n.º 028/03,
PR n.º 030/03, PR n.º 046/03, PR n.º 023/03, e Requerimentos n.ºs 136/03 e
146/03.
O
SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, a
Bancada do PDT, num primeiro momento, foi consultada sobre a Ordem do Dia a ser
desenvolvida. Ocorre que tem uma prioridade que insistiríamos muito que fosse
obedecida, que é o Veto Total ao PLL nº 160/02, que, por ser Veto, já merece
uma votação privilegiada de antecipação, na forma regimental. Então, queríamos
sugerir que esse Veto fosse contemplado, logo após a votação do Projeto de Lei
do Ver. Haroldo de Souza.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Veto tem prazo para
ser votado até o dia 16 de agosto, não há problemas.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn
aceita a proposição? O Veto pode ser votado amanhã ou segunda-feira.
O
SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com
todo o respeito por V. Exa., o Ver. Pedro Américo Leal, várias vezes, tem usado
essa tribuna. A programação de votação tem de ser respeitada. O primeiro
Projeto é de minha autoria, que é um Veto do Sr. Prefeito Municipal, e eu
sequer fui consultado, Sr. Presidente, portanto eu não aceito. Até posso perder
no voto, mas fica aqui o meu protesto: eu não aceito!
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Ervino
Besson, ninguém disse que aceita ou deixa de aceitar, por enquanto vamos ter
que colocar em votação.
A
SRA. MARIA CELESTE: Gostaria de registrar que nós temos, como
Mesa e como Secretária, tentado fazer um grande esforço de acordar a Ordem do
Dia. Eu, infelizmente, não posso consultar individualmente cada Vereador. Eu
consultei as Lideranças dos Partidos. Nós vamos adotar uma nova dinâmica na
Casa, agora? Temos de consultar todos os Vereadores para estabelecer a Ordem do
Dia? É um pouco demais!
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, este Vereador é Líder de
uma Bancada, e foi inicialmente sondado, mas, na definição final, não foi
consultado, e como se trata de um Veto, e na defesa do interesse do integrante
da oposição e da Bancada do PDT, nós não vamos concordar. Mais um detalhe,
apenas com o Projeto do Ver. Haroldo de Souza, só para esclarecer, eu sei que
V. Exa. está conduzindo como um magistrado este processo; não me consta que
seja da competência da Secretaria da Casa organizar no plenário a Ordem do Dia
a ser seguida.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Devo dizer a V. Exas.
que ninguém mais do que este Vereador foi à tribuna para reclamar das
alterações que fazem na Ordem do Dia. Realmente, eu fiquei feliz, quando entendi
que o Plenário conseguia colocar uma seqüência, e não perderíamos tempo
discutindo. Então, foi colocado em votação o primeiro acerto. Agora, eu coloco
em votação, se o Veto do Prefeito ao Projeto do Ver. Ervino Besson, pode ser
incluído em segundo lugar, eu não tenho por que fazer. Agora, é importante que
nós não venhamos a perder mais tempo, Ver. Haroldo de Souza.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Exatamente essa última frase: perder mais
tempo. Durante todo o período que está-se discutindo, o que entra, o que não
entra, o que vai em primeiro, o que vai em segundo, nós já teríamos votado o
Veto e o meu Projeto.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu vou colocar em
votação, a lista foi aprovada, se o Projeto do Ver. Ervino Besson pode ser
colocado em segundo lugar. Se o Plenário concordar, nós vamos colocá-lo; se
não, ele será colocado em último lugar, e não vai haver problema maior, porque
as matérias foram escolhidas pelo grau de dificuldade.
(Intervenção fora do microfone.
Inaudível.)
Eu não vejo necessidade de
encaminhamento, porque, senão, voltaremos à estaca zero.
O
SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu
concordo com V. Exa., no sentido de que o meu Projeto seja votado em segundo
lugar, eu só queria, com todo o respeito que este Vereador tem a todos os
Vereadores, e principalmente à Vereadora, 1.ª Secretária desta Casa, dizer à
Vereadora que todos os Vereadores têm os mesmos direitos, e todos os votos
valem a mesma coisa, têm o mesmo valor.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu
agradeço pela participação de V. Exa., mas a 1ª Secretária não fez no plenário,
o acerto, foi da Ver.ª Maria Celeste, com as Lideranças, e deveria ser com o
Líder da oposição, mas, de qualquer forma, eu estou colocando em votação...
(Intervenção fora do microfone.
Inaudível.)
Ver. Juarez Pinheiro, eu apelaria a V.
Exa. que não houvesse encaminhamento, porque se não tem razão de fazer, então,
votaremos o que consta nas páginas, mas tudo bem.
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para encaminhar o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn para apreciar o Projeto do
Ver. Ervino Besson em segundo lugar.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
Bancada do Partido dos Trabalhadores vem a esta tribuna, para fazer o seguinte
esclarecimento, e gostaríamos da sua atenção. Ver. Isaac Ainhorn, independente
das nossas disputas, que são disputas duras aqui no plenário, nós temos na
organização da Ordem do Dia - Ver. Ervino Besson, que merece todo o nosso
respeito pela sua postura sempre ética, sempre amistosa, a postura de um
parlamentar que honra esta Casa, eu queria dizer a V. Exa. que as nossas razões
são as seguintes, independentemente das disputas que temos -, procurando
contrabalançar a Ordem do Dia sempre com projetos da oposição e Projetos de
Partidos que defendem a Frente Popular. O Ver. Isaac Ainhorn, inclusive, tem
colaborado com isso, porque isso faz parte de um Parlamento responsável. Quando
negociávamos a Pauta de hoje, nós não colocamos nenhum Projeto de interesse
mais proeminente da Bancada do Governo, e aceitamos que o Projeto do Ver.
Haroldo de Souza fosse colocado em primeiro lugar – Projeto ao qual somos
contrários -, e não colocamos, em nome da situação, nenhum Projeto maior. Os
demais Projetos, as Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores podem verificar,
principalmente o do Ver. Ervino Besson, são Projetos importantes, mas de uma
hierarquia, sob o ponto de vista do grau de repercussão, inferiores. Não há
nenhum Projeto da Bancada de situação que tenha sido priorizado. Apenas um Projeto
importante foi priorizado, que é o Projeto do Ver. Haroldo de Souza, e isso foi
acordado. Aí o Ver. Ervino Besson solicitou que o seu Projeto fosse colocado,
também, com prioridade. Então, V. Exa. verifique que a situação não priorizou
nenhum Projeto, priorizou apenas um Projeto da oposição; não colocamos nenhum
Projeto do nosso interesse maior. Agora, V. Exa. requer que fique em segundo
lugar. Então, por uma questão de eqüidade, eu apelo a V. Exa., Ver. Ervino
Besson, que, com base nessas razões de solidariedade, de companheirismo de
Plenário, e de eqüidade acima de tudo, V. Exa. entenda nossas razões e faça com
que o seu Projeto seja colocado ao final, até para respeitar o acordo que foi
encaminhado pela Ver.ª Maria Celeste. É uma questão de eqüidade; e apelamos a
este Plenário, que, independente das disputas, tem sabido encaminhar essas
questões com respeito parlamentar que é devido às diversas forças políticas.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal,
solicitada pelo Ver. Juarez Pinheiro, o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn.
(Após a chamada nominal.) APROVADO por
13 votos SIM, 09 votos NÃO. Alguns
Vereadores não votaram.
O Projeto do Ver. Ervino Besson, vetado,
será votado em segundo lugar.
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 3290/01 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 019/01, de
autoria do Ver. Haroldo de Souza, que
dá nova redação ao inciso IX do art. 70 da Lei Complementar n.º 7 , de 7 de
dezembro de 1973, e alterações posteriores, que institui e disciplina os
tributos de competência do Município.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Nereu D’Avila: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator
Ver. Aldacir Oliboni: pela rejeição do Projeto;
- da CEDECONDH. Relator
Ver. Cassiá Carpes: pela aprovação do Projeto;
- da COSMAM. Relator
Ver. Almerindo Filho: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos
membros da CMPA - art. 82, § 1.º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia em 07-08-03;
- renovação de votação nos termos do art. 196 do Regimento
da CMPA.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Renovação de votação
do PLCL n.º 019/01. Em renovação de votação o PLCL n.º 019/01. (Pausa.) Quem se
inscreve? (Pausa.) Não há quem queira encaminhar. Em renovação de votação.
(Aparte anti-regimental.)
A Mesa colocou em renovação de votação.
Ninguém se inscreveu. O Ver. Haroldo de Souza, que é o autor da proposição,
pediu que fizéssemos a renovação de votação, a Mesa colocou em renovação de
votação. Eu, agora, não vou voltar atrás.
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
quando o senhor colocou a matéria, eu levantei o braço e me inscrevi para
discutir. O senhor disse: “Não tem discussão”. Então eu falei: “Nós
encaminhamos a matéria”. No mesmo momento eu fiz a inscrição.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Exa., o Ver.
Carlos Pestana e mais um outro Vereador levantaram a mão, mas não tinha
discussão, portanto, a Mesa não considerou.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Aí eu disse que estava me inscrevendo
para encaminhar a matéria.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Exa. foi discutir
o que aconteceria, e a Mesa estava atenta.
Em renovação de votação o PLCL n.º
019/01.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V.
Exa., na presidência dos trabalhos, tem tido bom-senso inúmeras vezes. Quando
há uma situação de dubiedade, V. Exa., em favor do debate, tem permitindo o
encaminhamento. V. Exa. vai abrir um precedente que não condiz com a sua
história.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Juarez Pinheiro,
de acordo com o Regimento, colocado em votação o Projeto, eu não posso voltar
atrás.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu
lembro de várias vezes em que V. Exa., em situações análogas, permitiu o
encaminhamento. Agora, não se pode encaminhar. Já se mudou o encaminhamento das
votações; agora, de novo, a Bancada do Partido dos Trabalhadores está sendo
prejudicada.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, isso
não aconteceu comigo. Colocado em votação... Apenas eu não podia pedir para
liberar o painel. Eu não posso voltar atrás.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, eu lembro de casos em
que V. Exa. fez isso.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A matéria está em
votação, e a votação não pode ser interrompida.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, fica registrado o
descontentamento da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Em renovação de votação nominal, solicitada pelo Ver. Haroldo de Souza, o PLCL
n.º 019/01. (Após a votação nominal.) APROVADO
por 19 votos SIM, 10 votos NÃO.
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC. 2689/02 – VETO
TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 160/02,
de autoria do Ver. Ervino Besson, que autoriza o Município a implantar telas de
proteção nas bocas-de-lobo da rede de esgoto.
Parecer:
- da CCJ. Relatora
Ver.ª Margarete Moraes: pela manutenção doVeto.
O
SR. PRESIDENTE (João Antônio Dib):
Em discussão o PLL n.º 160/02 com Veto Total. O Ver. Juarez
Pinheiro está com a palavra para discutir.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, nós queremos aqui deixar registrada a nossa tristeza, Ver. Pedro
Américo Leal, pelos últimos incidentes de Plenário. São incidentes simples, sob
o ponto de vista de que não vão causar à população um dano maior, mas são
questões sérias de relação entre nós, Parlamentares. Independentemente do grau
e da dureza do debate que temos feito nesta Casa; sempre tem havido muito
respeito entre os 33 Vereadores. E o que houve há pouco aqui foi quebra de
acordo, foi falta de eqüidade e, de parte do Ver. João Dib, pelo qual tenho um
imenso apreço, respeito e carinho, por parte da Presidência houve uma subtração
do espaço democrático, porque várias vezes...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, não
está em discussão essa matéria.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Porque várias vezes, aqui, depois de ter
encerrado a possibilidade de encaminhamento, a consideração de Vereadores de
oposição, o Ver. João Dib, que é uma pessoa justa, de quem posso até
discordar...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador,
insisto com V. Exa., não está em discussão essa matéria. Solicito que discuta a
matéria do Veto.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Está feito o registro da nossa
inconformidade e da nossa tristeza de como se postou a oposição nos minutos
restantes.
Discuto o Veto e queria, neste momento,
Ver. Ervino Besson, dizer que toda polêmica criada não foi em relação ao mérito
do seu Projeto; V. Exa. sabe do respeito parlamentar que temos por V. Exa., por
sua postura aqui no Parlamento. Apenas havia sido estabelecido um acordo,
nenhum projeto da situação foi colocado na Ordem do Dia, apenas um da oposição.
Portanto, V. Exa. tenha claro que nada disso foi no sentido de investir contra
as suas iniciativas legislativas.
Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, o Veto
estabelecido tange-se agora a questões de ordem técnica e questões de ordem de
constitucionalidade e de legalidade. O Ver. Ervino Besson aprovou essa matéria,
que trata sobre a possibilidade de colocar grades nas bocas-de-lobo. O Vereador
entende que com isso pode evitar o assoreamento e um melhor escoamento das
águas provenientes das chuvas; enfim, evitar alagamentos. O Ver. Ervino Besson
discutiu largamente essa matéria, seja nas Comissões, seja aqui no Plenário. E
as conclusões a que chegamos, Ver. Besson - eu me lembro desse debate - do
ponto de vista técnico, embora toda a sua intenção de realmente contribuir para
a Cidade, para o melhoramento do serviço, principalmente na questão do
saneamento, verificamos que essa proposta não tinha embasamento técnico. Eu me
lembro muito bem do debate aqui estabelecido no sentido de que essa experiência
não estava em nenhuma cidade comprovada e que poderia, inclusive, Ver. Besson,
em algumas situações, aumentar o problema. Claro que essa não é a intenção de
V. Exa., que quer contribuir para a Cidade, mas a colocação de grades nos
bueiros, nas bocas-de-lobo, pode, ao contrário de facilitar o escoamento das
águas naquele local, fazer com que se acumulem detritos e fazer com que as
águas fiquem, inclusive, impossibilitadas de ingressar na canalização adequada.
Lembro que o Ver. João Dib – por quem eu
já disse que tenho imenso respeito e carinho, e de quem sou talvez um dos seus
maiores admiradores, mas não concordei com ele hoje na Sessão -, debateu esse
assunto sob o ponto de vista do mérito e, naquela ocasião, inclusive, foi o
Vereador que mostrou, até por sua formação de engenheiro e por ter sido
Prefeito, a melhor condição de debate, pois conhece a matéria e laborou, sob o
ponto de vista técnico, no sentido de que a proposta que o Ver. Besson fez, com
toda a boa intenção, não parecia adequada.
Ver. Ervino Besson, que já fez tantas
leis importantes para a Cidade, essa é a análise de alguém que não conhece
tecnicamente a matéria, mas que se baseou em estudos colocados, em discussões
e, principalmente, naquilo que o Ver. João Dib discutiu.
Por fim, sob o ponto de vista da
constitucionalidade, sabe-se que essa matéria seria da competência do Poder
Executivo. Isso é muito claro, os pareceres demonstram isso na forma do art.
94, inc. IV.
Portanto, Ver. Besson, temos imenso
respeito pelo seu trabalho parlamentar, por tantas leis que já constituiu, mas,
realmente, neste caso, para o bem da Cidade, é melhor que essa Câmara de
Vereadores acompanhe o Veto do Sr. Prefeito e não receba essa proposta, que com
toda a boa intenção, como sempre são as propostas do Ver. Besson, foi colocada.
Portanto essa é a minha posição pessoal e acho que será também a posição da
Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir o PLL n.º 160/02, com Veto Total.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tive a
oportunidade de examinar este Veto quando de sua passagem pela Comissão de
Constituição e Justiça. Exarei um Parecer que não logrou prosperar, fui
derrotado pela maioria da Comissão, seis votos contra um. Ficamos sozinhos com
a nossa posição e queremos sustentá-la.
Dissemos que, data máxima vênia, é impossível concordar com a
inconstitucionalidade e inorganicidade do Projeto. Razões apontadas para o Veto
Total. Para respaldar tal afirmação, reproduzo parte do Parecer prévio da
ilustre Procuradora desta Casa, Dra. Marta Lajes da Rosa, que na folha 4 diz:
(Lê Parecer.) “O objetivo da presente proposição traduz-se em uma recomendação
político-administrativa, que é matéria de proposição do tipo Pedido de
Providências.”
Ora, o texto vetado, até pela sua
singeleza, já que se resume a dois artigos apenas, não permite outra
interpretação senão a que sabiamente lhe deu a nobre Procuradora, já citada, e
por certo os quatorze Srs. Vereadores que aprovaram a matéria, quando da sua
votação em Plenário. Diferentemente do que é dito nas razões do Veto, o Projeto
não interfere, nem de longe, ou pretende na organização e no funcionamento do
Poder Executivo Municipal, nem muito menos cria despesa não prevista no
Orçamento. O Projeto faz, isso sim, uma constatação que é de toda a comunidade
desta Cidade e, lamentavelmente, também do País, que hoje sabe que quando chove
em Porto Alegre pode-se andar de barco nas principais vias públicas e que
dentro em pouco será determinado o uso de salva-vidas também nos automóveis, já
que tais veículos também navegam, e o que é pior, naufragam fazendo vítimas. O
que o Sr. Prefeito entende como interferência não passa de um apelo da
comunidade, feito legitimamente através desta Casa Legislativa para que o
Executivo abandone a passividade que o domina em questões do mais alto
interesse do Município.
Se Pedido de Providências e Indicações,
previstos no art. 57, IX da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre,
combinado com o art. 87, incisos VI e VIII do Regimento desta Casa são
desconsiderados sistematicamente, sob a alegação de que devem ser encaminhados
via Orçamento Participativo, não resta ao Legislativo outra via que não a da
elaboração de Lei para que as questões relevantes sejam atendidas pelo
Executivo.
“Ademais, as razões do Veto padecem de
compromisso maior com a mens legis,
na medida em que sustenta, por exemplo, que o Projeto aprovado adentra em
matéria privativa do Chefe do Executivo, quando o autoriza a implantar telas de
proteção nas bocas-de-lobo da rede de esgoto sem observância dos requisitos
técnicos essenciais, principalmente no que diz respeito a sistemas adequados de
retenção de resíduos sólidos na captação pluvial com o tipo de proteção - grade
metálica com espaçamento adequado, e não tela de proteção.”
Ora, em nenhum momento, o Projeto se
arvora em descrever o tipo de proteção ou suas dimensões, sendo risível o
argumento que entende cabível ao Veto, porque não foram observados os
requisitos técnicos essenciais. Se tal tivesse ocorrido, aí sim o Projeto
poderia ser vetado, porque invadiria a competência do Executivo.
De outra parte, o argumento de que a
utilização de anteparo reduziria a capacidade de captação das águas pluviais é
estranha, na medida em que são reiteradas as manifestações dos técnicos e até
dirigentes do Departamento de Esgoto Pluvial de que as bocas-de-lobo não funcionam,
porque estão sempre entupidas de lixo e outros resíduos. O Projeto não se
arvora em definir tipos, dimensões, locais ou outros dados técnicos, nem muito
menos fixa prazos, mas aponta o problema e apresenta uma alternativa para a sua
solução.
Com o Veto, o Prefeito Municipal, mais
uma vez, tenta desconhecer e desqualificar o trabalho desenvolvido pelos
Vereadores, buscando uma cidade melhor e administrada de forma eficiente.
O Veto, como um aposto ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 160/02, demonstra que o Executivo imagina prescindir do
Legislativo. Não pode; sem o Legislativo, não há democracia. Pela rejeição do
Veto Total.
Essa é a posição por nós tomada, Ver.
Nereu D’Avila, que não logrou êxito na Comissão de Constituição e Justiça,
provavelmente porque os seus integrantes tiveram um toque de formalismo naquela
hora. A nossa decisão, agora, aqui, é política; nós temos que decidir
claramente se, nas atuais contingências, os Vereadores podem, devem ou não
devem buscar, pelo Projeto de Lei Autorizativo, manifestar as suas preocupações
na cidade de Porto Alegre. A nossa posição é política, sim senhor. Nós
poderíamos, fomos alertados para isso, e sabíamos que poderíamos fazer um
simples Pedido de Providência nesse sentido, mas o que adianta fazer o Pedido
de Providência, utilizar esse instrumento legal, se ele é sistematicamente
ignorado pelo Executivo?
Meu caro Ver. Ervino Besson, V. Exa. tem
a minha mais absoluta solidariedade, eis que, tecnicamente é possível sustentar
a legalidade desse Projeto, sim, porque a quem cabe dizer claramente se quer ou
não a contribuição política nesta Casa é o Executivo. O Executivo parece que
não quer. Então, nós vamos reiterar, nós vamos reafirmar, nós queremos
contribuir para esse problema tão grave de Porto Alegre. Se o Executivo não
quer aceitar a nossa contribuição, Ver. Pedro Américo Leal, ele que assuma a
responsabilidade de assim agir. Nós, como Vereadores, estamos fechados com o
Projeto do Ver. Ervino Besson e prontos para votar contra o Veto e a favor do
Projeto.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para discutir o PLL nº 160/02, com Veto Total.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, está em discussão o Projeto de Lei do Ver. Ervino Besson, que
autoriza o Município a implantar telas de proteção nas bocas-de-lobo da rede de
esgoto. Então, quando o Vereador já coloca “autoriza”, depende do Executivo.
Esse é o primeiro ponto, e o Ver. Reginaldo Pujol aqui discorreu fartamente,
mas ele sabe que, quando diz “autoriza”, depende da vontade do Executivo. Em
segundo lugar, vamos tentar fazer agora uma discussão de nível técnico, e essa
é uma informação que nos passaram, ou seja, colocar proteção nas bocas-de-lobo.
Esse é um assunto muito complexo. Primeiramente, como são hoje as
bocas-de-lobo? Livres. Seguidamente entram detritos, sujeiras, garrafas e
entopem as bocas-de-lobo. Só que, no momento em que se colocar uma grade - e
essa foi a explicação que nos deram -, praticamente, em todas essas
bocas-de-lobo, o primeiro lixo que vier será retido ali e tentará na próxima,
só que lá também haverá lixo, que será retido em algum lugar. Quer dizer que
não resolverá o problema. Então, tem de se ter muito cuidado, por melhor que
possa ser a boa vontade do Vereador. E o Prefeito coloca muito bem essa questão
da própria prerrogativa.
Eu já lhe dou um aparte, Ver. Ervino
Besson, e depois, nós vamos discutir, acho que é muito importante fazer o seu
contraponto, mas eu gostaria que o senhor pensasse nesse aspecto que foi
levantado, ou seja: se colocar tela, todo o lixo que há ali não dará vazão à
água; ele vai para uma próxima, onde também ocorre a mesma coisa, e, ao mesmo
tempo, eu acho que é importante analisar as razões do Veto que o Prefeito
explanou: (Lê.) “Trata-se de Projeto de Lei que autoriza o Município a
implantar telas de proteção a bocas-de-lobo. Conforme Exposição de Motivos
constante do referido Projeto de Lei, o acúmulo de lixo nas ruas e seu
escoamento pelas calçadas provoca uma série de danos à população, entre eles, o
entupimento da rede de esgoto. Nesse sentido é que se torna importante a
colocação de telas de proteção nas bocas-de-lobo com a finalidade de impedir a
entrada de detritos. Com a adoção desse sistema, o recolhimento de materiais
ficaria do lado de fora da tubulação e se tornaria muito mais simples, evitando
maiores estragos, custos e trabalho”. Aí o Prefeito argumenta: “No caso em
tela, o Projeto de Lei contraria frontalmente esse princípio, adentrando em
matéria...” E ele enfatiza isso. “...adentrando em matéria privativa do Chefe
do Executivo, quando autoriza implantar telas de proteção nas bocas-de-lobo,
sem a observância aos requisitos técnicos essenciais, principalmente no que diz
respeito a sistemas adequados de retenção de resíduos sólidos na captação
pluvial, como tipo de proteção de grade metálica com espaçamento adequado, e
não telas de proteção como o proposto no PL”. E aqui, quem colocou isso foi o
próprio Departamento de Esgotos Pluviais. E diz: “A utilização de anteparo nas
bocas-de-lobo reduz a capacidade de captação de águas pluviais,...” Aquilo que
nós falávamos. “...e a instalação sistemática desses anteparos pode dificultar
a entrada das águas na rede e promover alagamentos onde, hoje, não existem.
Portanto, não se pode instalar essas telas de proteção sem que seja feita uma
avaliação técnica do sistema pluvial, como está nessa nova característica,
levando-se em conta a redução da captação de águas. E essa avaliação só pode ser
levada a cabo por iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo Municipal, uma vez
que detém a competência para organizar e estruturar seus órgãos para tal, a fim
de administrar os bens municipais de acordo com as políticas públicas daí
decorrentes. Eivado, portanto, pelo vício da inconstitucionalidade formal.
Trata-se, isso sim, de Projeto de Lei que afronta a própria Lei Orgânica do
Município”.
Então, mediante isso, o Prefeito, de
forma clara, está dizendo que não, primeiro porque falta maior consistência técnica,
e segundo, porque é de uso privativo do Sr. Prefeito. Portanto, Ver. Ervino
Besson, lhe dou o aparte.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, nobre
Vereador.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para discutir o PLL n.º 160/02, com Veto Total.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
queremos aqui, ao examinar essa matéria, ressalvar, de pronto, o esforço, a
luta, enfim, do Ver. Ervino Besson, no sentido de buscar soluções para
problemas dessa ordem. Ver. Ervino Besson, nós, que temos uma inserção na Zona
Norte de Porto Alegre, naquela área do Passo d’Areia, aquela região da bacia,
do Passo da Mangueira, enfim, a área da Zona Norte; as enchentes, os
alagamentos nos ensinaram, nos deram lições, e muitos desses aspectos que
envolvem com a fluidez da água, a desobstrução, e este Vereador,
incansavelmente, e tantas pessoas da Zona Norte, cansamos de desobstruir bocas-de-lobo
nas proximidades da Av. Sertório, na Rua 11 de Agosto, que, por ter corrido
algum graveto, ou madeira, passaram a ser um anteparo à quantidade de papel ou
lixo que vai para a boca-de-lobo.
E os alagamentos invadem,
destroem a mobília, a casa das pessoas, pela falta de uma série de obras na
cidade de Porto Alegre e de uma maior bitola para o escoamento das águas.
A colocação de rede, de grade, de tela,
Ver. Ervino Besson, V. Exa. fala em grades, é um fator de retenção pela natural
compreensão, pela natural lei da rede, por exemplo, da tarrafa. Dependendo da
dimensão da tarrafa, pode passar lambari! Em uma tarrafa de malha fina, peixe
grande não passa.
Esse princípio está incluso nesse aspecto
do Projeto de V.Exa.
Queremos ver aqui, nem vamos examinar
outros aspectos ligados ao Veto, a questão da despesa pública, o aspecto de
ordem técnica. Queremos dizer a V. Exa. que temos toda a boa vontade, e vemos o
seu esforço, agora, não vemos como, Ver. Ervino Besson, pôr em prática o seu
Projeto. Uma vez teladas essas bocas-de-lobo, ou gradeadas, uma inundação, na
Zona Norte, por exemplo, é algo que jogaria toda essa responsabilidade a algo
que já é sério, à Câmara Municipal de Porto Alegre.
Eu não tenho dúvida nenhuma. Em dia de
vento, imagine V. Exa., em determinadas áreas, com determinados descuidos do
lixo, a tendência do vento é levar para a boca-de-lobo e ali vai se
depositando, porque tem ali, naturalmente, uma gradezinha que começa a reter o
papel, e vem a enxurrada, vem a chuva, fica uma situação muito difícil.
Então, Sr. Presidente, encerro,
lamentando não poder acompanhar o Ver. Ervino Besson. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni,
para discutir o PLL n.º 160/02, com Veto Total.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, o argumento simples e direto do Ver. Carlos Alberto Garcia é que
está fazendo a história. Eu acho que se está construindo uma regra aqui na
Casa: aprender a tratar com o simples, compreender o simples.
Eu acho que a intenção do Ver. Ervino
Besson - na Câmara não podemos deixar de fazer uma análise sobre a intenção do
Vereador em propor um tema -, é interessante, nós dissemos isso, quando
discutimos a matéria.
Eu estava conversando com o Presidente,
que me dizia que essa matéria foi discutida durante três Sessões na Casa. Uma
matéria que não é complexa, uma matéria simples, mas trata de um tema técnico,
de termos uma medida capaz de evitar o entupimento das redes pluviais. O Ver.
João Antonio Dib, o Ver. Darci Campani, o Ver. Wilton Araújo são Vereadores que
têm uma base técnica na área da engenharia, arquitetura, e a análise técnica
deste Projeto diz que a intenção pode levar para um caminho, mas a prática vai
causar problemas para o sistema pluvial da Cidade.
Mas dizem: como é que tem em tal lugar?
Mas a grade naquela rede pluvial, Ver. Nereu D’Avila, é colocada de outra
maneira, colocada na pista, é mantida aberta a boca-de-lobo, evitando que, numa
situação de uma tormenta, uma quantidade de chuva diferente do normal, a chuva
não arraste detritos, lixo, fechando a boca-de-lobo e não venha a causar um
problema maior ainda. Solicito ao Ver. Ervino Besson que venha à tribuna e diga
suas intenções, porque acho que essas são interessantes, Ver. Nereu D’Avila,
são boas, mas o desenvolvimento técnico da proposta do Vereador causa problemas
para a Cidade. O Prefeito, com a sua assessoria técnica, apegou-se a isso para
dizer que a intenção e o debate foram positivos, mas essa matéria não pode ir
para a vida real, não pode virar uma Lei e não pode ser uma ação prática do
Governo, porque vai prejudicar a municipalidade. Então, o pedido que deixamos
aqui para o Ver. Ervino Besson - o debate sobre a preocupação que o Vereador
tem já foi feito - é que possamos acatar o Veto, porque este se apega à
necessidade de proteger a municipalidade, de proteger os cidadãos deste
Município, pois o desenvolvimento técnico dessa idéia vai causar problemas. O
desenvolvimento técnico dessa idéia, ao invés de resolver a questão do
não-entupimento das redes, vai trazer um problema mais sério ainda que é a
possibilidade de, em algumas bacias da região de Porto Alegre, a rede pluvial
ficar obstruída, trancada, causando um problema maior ainda do que a intenção
do Ver. Ervino Besson de resolver a temática. Portanto, estou colocando essas
questões e estou dialogando com o Vereador-autor, porque acho, Ver. Ervino
Besson, que o papel que V. Exa. tinha de cumprir em relação à matéria, trazer o
debate para o Plenário da Casa, já cumpriu. O Vereador trouxe a matéria, usamos
três Sessões para discuti-la.
O
Sr. Ervino Besson: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, tenho o maior respeito por V. Exa. e só quero dizer que
sabemos, conhecemos, e V. Exa. conhece os técnicos que trabalham no DEP, e não
é o pensamento deles. Só quero dizer isso. Não é o pensamento deles a respeito
da forma como o Prefeito vetou totalmente este Projeto. Só isso que quero dizer
a V. Exa.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Ver. Ervino Besson, temos aqui, no
próprio Processo, a manifestação da área técnica do DEP, dizendo, Ver. Ervino
Besson, que a intenção é uma coisa; a prática, no dia-a-dia, vai causar
problema. Portanto, eu acho que V. Exa. cumpriu um papel central e importante
trazendo a temática. Agora, isso aqui fez com que o Governo se preocupasse em
criar formas de tratar com o problema. Os Vereadores desta Casa, respeitando a
caminhada desse Processo, deveriam acatar o Veto e continuar com o debate,
porque ele é proveitoso para a Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa, com tristeza,
vai colocar em votação o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn,
solicitando adiamento, por uma Sessão, da discussão do PLL n.º 160/02, com Veto
Total.
(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac
Ainhorn.)
Nobre Vereador, ex-Presidente, a Mesa...
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, a Bancada do PT vai
encaminhar a matéria.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de
autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que solicita adiamento da discussão do PLL n.º
160/02, com Veto Total, por uma Sessão.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, os Vereadores Isaac Ainhorn, Nereu D’Avila, o conjunto de
Vereadores da Casa foram procurados pela Liderança do PT, no início da Sessão,
que propôs – e o Ver. Nereu D’Avila concordou – que hoje, durante a Sessão, nós
listássemos um conjunto de Projetos de títulos, de nomes de ruas, o Projeto do
Ver. Haroldo de Souza, e não tratássemos do Veto, porque estávamos construindo
uma posição de Bancada em relação a essa temática. Encaminhamos, e havia um
certo acordo sobre isso. Depois, uma tensão de Plenário resolveu que não, que
deveríamos mudar esse caminho, que nós deveríamos tratar do Projeto do Ver.
Haroldo de Souza e em seguida tratar do Veto. Nós dissemos que isso feria um
entendimento que nós tínhamos construído na Casa, de fazer a Sessão na Ordem do
Dia prosperar, votar um conjunto de matérias e não prejudicar em nada, Ver.
Ervino Besson, a matéria de V. Exa., que é o Veto, porque garantíamos que,
dentro do prazo, o Veto seria tratado e debatido. E encaminhamos isso. Perdemos.
A Bancada do Partido dos Trabalhadores perdeu essa disputa. Ganhou a idéia de
que tinha de tratar do Veto e resolvê-lo hoje. Portanto, nós achamos, Ver.
Isaac Ainhorn, que é incoerente pedir o adiamento. Nós temos de discutir e
votar a matéria do Veto hoje.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de sua autoria que
solicita o adiamento da discussão do PLL n.º 160/02, com Veto Total, por uma Sessão.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é muito
estranho o comportamento do Partido dos Trabalhadores, porque ele só gosta de
articular composições e negociações quando fica tudo ao lado dos seus
interesses e dos interesses do Governo Municipal. Aí eles dialogam e
estabelecem uma harmonia com a oposição. Agora, quando a oposição quer
enfrentar matérias e não é obrigada, necessariamente, a aceitar todas as
posições do PT aqui nesta Casa... Até porque o PT é minoria aqui, tem de se submeter
à maioria da oposição, mas eles têm o hábito de pressionar, é aquela séria e
tradicional minoria atuante que fica aqui permanentemente patrulhando. O que
aconteceu não tem nada de incoerente. Este Vereador requereu, e esta Casa
decidiu votar o Veto em segundo lugar, depois do Projeto de Lei do Ver. Haroldo
de Souza, que estava em renovação de votação. Muito bem. O que aconteceu? O PT,
para procrastinar e para inviabilizar a derrubada do Veto - e nós respeitamos
essa manobra do PT -, inscreveu-se todo para discutir essa matéria, quando, na
verdade, esta é uma matéria simples e eles poderiam, com duas manifestações -
uma sustentando a favor e a outra contra -, deixar suficientemente esclarecido
o assunto. Mas não! O PT, no seu tradicional estilo aqui nesta Casa, está
querendo patrulhar! Felizmente nós estamos no final de um período daquelas
ditaduras com aparência de democráticas - e tem muita coisa que pinta como
democrático no Brasil e não o é -, e uma delas é aqui em Porto Alegre, mas
felizmente eu acredito que essa está no ocaso, até porque a traição praticada
contra os interesses dos trabalhadores do País, já praticada...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não está em discussão
essa matéria, nobre Vereador.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sim, não está, a traição do PT aos
trabalhadores realmente não está em discussão. Eu retiro essa parte do meu
discurso, mas reitero a traição do PT aos interesses dos trabalhadores e a
capitulação ao FMI, mas não vou falar mais nisso, vou falar, isto sim...
(Aparte anti-regimental.)
Quero dizer a V. Exa. que, quando percebi
a manobra de tentar inviabilizar a aprovação do Projeto do Ver. Ervino Besson,
por meio de uma manobra de arrastar a Sessão, até a linha auxiliar do PT aqui,
que é o PSB... Infelizmente o Ver. Carlos Alberto Garcia se presta muito para
isso aqui em Porto Alegre, quando não trata dos interesses da pintura das
paredes da Capital, das empenas cegas, que eu votei a favor dele e o PT o
deixou de mãos abanando... Pois quero dizer a V. Exas., aqui, que realmente pedi
o adiamento por uma Sessão, porque vi uma manobra no sentido de derrotar um
Projeto de Lei importante de um Vereador da minha Bancada, o Ver. Ervino
Besson! Aí não vão levar mesmo! Comigo o PT não leva! Eu, historicamente, aqui,
graças a Deus, sempre inviabilizei as pretensões do PT em relação às perversas
majorações do IPTU! O PT comigo não tem vez! Comigo não faz aliança! Comigo não
tem diálogo - e cada vez menos! Quando votei no PT para a Presidência da
República, recebi essa traição aos interesses dos trabalhadores! Não faço mais
acordo com o PT! Comigo o PT não leva vez!
(Aparte anti-regimental.)
Aí é que está. Estou pedindo uma Sessão
de adiamento. O Vereador do lixo, ali, como é que é...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, V.
Exa. tem que ter respeito com os Vereadores, saber seus nomes.
O
SR. ISAAC AINHORN: O
Vereador que foi Diretor do Lixo em Porto Alegre, Ver. Darci Campani.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Diretor da Limpeza
Pública.
O
SR. ISAAC AINHORN: Diretor do Departamento Municipal de
Limpeza Urbana. Limpeza Pública era num tempo bem pretérito; no tempo do
autoritarismo, da ditadura, podia ter esse nome. Mas eu gostaria aqui de deixar
claro que estou pedindo, sim, o adiamento, e não tem incoerência com a minha
manifestação anterior de preferência. Estavam querendo bombardear o Projeto do
Ver. Ervino Besson, mas não vão levar! Nós vamos adiar agora, e, se precisar
retirar o quórum, é óbvio que vamos fazê-lo, porque nós não mentimos! Nós somos
transparentes! Nós não nos escondemos atrás do biombo do autoritarismo, como
faz o PT! O PT tem história nisso! Portanto, encaminhamos pelo adiamento da
discussão por uma Sessão.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito ao Ver. Elói
Guimarães que assuma a presidência dos trabalhos.
(O Sr. Elói Guimarães assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn que solicita o adiamento, por uma Sessão, da discussão do
PLL n.º 160/02, com Veto Total.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
poucos dias eu disse que eu era um Vereador de poucas vaidades. Mas há algumas
vaidades que me são inerentes. Uma delas é ser Vereador integralmente. Eu fico
estarrecido com o que assisti nesta tribuna há poucos minutos. O Vereador vem e
diz que seus colegas são relapsos, que se retiram do Plenário e por isso perdem
a votação. Foi o que foi dito aqui – eu sou inteligente! Aliás, outra vaidade
que tenho é ser inteligente! Sou um Vereador inteligente, sem dúvida nenhuma!
(Tumulto no Plenário.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Asseguro-lhe a
palavra.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Até porque me declarar inteligente não é
nenhum mérito! Deus me deu a inteligência! Este Vereador, por anos, disse que a
Ordem do Dia devia ser votada da forma em que era trazida...
(Tumulto no Plenário.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Há um Vereador na
tribuna, há os microfones de apartes, portanto, temos mecanismos que
possibilitam uma discussão civilizada. Ver. João Antonio Dib, V. Exa. tem a
palavra e o tempo será descontado.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Este Vereador, por anos, reclamou...
(Aparte anti-regimental.)
Realmente, moral não se compra em
farmácia, e por isso V. Exa. não a encontrou. Saúde e paz para V. Excelência!
Mas, de qualquer forma, este Vereador, por anos, pediu que não alterassem a
seqüência da Ordem do Dia, e hoje, quando a composição foi feita, verificou-se
que esse Projeto poderia ser votado ao final. Já perdemos três dias para votar
esse Projeto; três Sessões consecutivas! Falaram todos os Vereadores,
encaminharam todos os Vereadores; agora, nós não votaremos mais nada, é claro,
porque o nobre Vereador que me antecedeu na tribuna disse que eu menti, mas eu
não menti; ele disse que a manobra estava sendo feita, que os Vereadores da
situação - e não foram só os da situação, a oposição também falou
contrariamente ao Projeto - estavam fazendo tempo, porque os Vereadores,
colegas do nobre Líder do PDT não estariam presentes, e por isso ele pediu o
adiamento, mas este Presidente o havia alertado que era possível votar amanhã,
ou na segunda-feira o Veto, e nós teríamos uma seqüência tranqüila, uma
seqüência correta, uma seqüência acordada, mas há os donos da verdade! Há os
donos da verdade! E nós estamos vivendo por que este momento? Porque aqueles
que não se conformaram em votar na quinta-feira ou na segunda-feira resolveram
mudar as regras do jogo. E qual a razão? Eu quero ser desmentido nisto aqui; eu
só ouvi que era mentira, e não liguei, porque não tinha base, não tinha
fundamento, porque quem falava não merecia a minha preocupação, porque eu sei
ler, aprendi a ler; ele disse que a situação estava ficando aqui, e a oposição
estava saindo, por isso ele não perdia para o PT e não perdia para ninguém, mas
perde para ele mesmo, porque as pessoas que o ouvem... Tem gente inteligente
que assiste a este programa, tem gente culta que assiste a este programa, no
Canal 16, e não pode acreditar que um Vereador, professor universitário, culto,
brilhante, tenha usado a sua tribuna para usar como argumento do adiamento, que
os seus colegas estariam saindo, e os seus opositores ficariam no plenário. Eu
não posso dizer que não tenho profunda tristeza, porque eu gostaria de conduzir
os trabalhos desta Casa com muita calma, com muita tranqüilidade, com
serenidade, que são coisas que me caracterizam, até porque eu ouço e sorrio
quando os descabelados, os barbudos falam daquele jeito; eu sorrio; eu sorrio,
porque eles não têm razão, e eles sabem que não têm. Olha lá como ele está
vermelho! Olha lá como ele está vermelho! Mas como ele está vermelho! Mas como
está vermelho, Vereador! Cuidado, vou mandar chamar um médico aqui para ver se o
seu coração está batendo bem. Até não quero continuar falando porque, de
repente, V. Exa. pode ter um problema qualquer e serei culpado; vão dizer que
aconteceu porque o Ver. João Dib encaminhou pelo seu Partido. Saúde e paz.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, todo
esse problema aconteceu hoje neste Plenário, porque não foi obedecida a Ordem
de Dia conforme reza o “espelho”. Portanto, que isso sirva de lição para que
não aconteça mais, que se obedeça ao “espelho” da Ordem do Dia que os Srs.
Vereadores recebem em suas mesas.
(O Ver. João Antonio Dib reassume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart
está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. Isaac
Ainhorn que solicita adiamento da discussão do PLL n.º 160/02, com Veto Total,
por uma Sessão.
O
SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, mas como tem sido diferente essa relação entre os Vereadores dentro
desse trabalho de Plenário! Não podemos ser hipócritas e começar a falar a todo
momento, por trás, e, quando chega na hora, todo mundo dá gargalhadas, todo
mundo debocha, todo mundo diz que há conivência do seu pensamento com o poder.
E eu não preciso me envergonhar disso aqui desta tribuna, não posso me
envergonhar disso! É bem verdade que nem sempre estou na linha direta do Ver.
Isaac Ainhorn, mas não posso permitir que o meu Líder seja achincalhado,
execrado dentro deste Parlamento, sem vir aqui. O que dizia o Ver. Isaac
Ainhorn, meu Líder, aqui? Que existia uma manobra inteligente, regimental e,
portanto, verdadeira do PT, que não queria ver votado o trabalho apresentado
pelo Ver. Ervino Besson. Era isso que ele dizia. E, em nenhum momento, chamou
alguém de relapso. Pelo contrário, o Ver. Isaac Ainhorn dizia que era uma
manobra inteligente da situação. Ele não disse em nenhum momento... E eu não
posso aqui colaborar com risinhos, com chacotas, com deboches colaterais. Não!
Nós precisamos, neste momento, retomar a credibilidade do Parlamento. Nós
precisamos encarar essa situação de frente, que às escondidas os Vereadores
estão fazendo contra a Direção desta Casa. V. Exas. têm de retomar com
seriedade esse assunto. E eu tenho me manifestado muito pouco em relação a assuntos
regimentais; eu tenho trabalhado pela cultura, pela educação e pela saúde. Mas,
neste momento, eu me vi obrigado a vir aqui para orientar os trabalhos desta
Casa, que estão se desorientando com chacotas. Nós não queremos que o outro
lado fique rindo do que está acontecendo aqui. Vamos encarar isso com muita
seriedade para que possamos votar as coisas de interesse do povo da cidade de
Porto Alegre.
Era o que eu tinha a dizer em desagravo
ao Líder do PDT, Ver. Isaac Ainhorn.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, em primeiro lugar, eu queria dizer que, desde que eu adentrei nesta
Casa, é normal que os Projetos que estão na Ordem do Dia sejam negociados e não
sejam votados, como propõe o Ver. Ervino Besson, na ordem em que eles vêm,
porque há um tempo político e há negociação em torno dos projetos que estão
maduros para serem votados, Ver. Ervino Besson.
Portanto, não cabe esta opinião de que
nós, doravante, mudemos a prática do Parlamento, pois isso acontece aqui,
acontece na Assembléia, quando os Líderes se reúnem e fazem a Ordem do Dia,
acontece na Câmara Federal. Só que tem de haver um princípio: o que é acordado,
o que é acertado tem de ser respeitado. Muito bem! Em cima disso, a praxe é que
as Lideranças acordem no Plenário, na nossa Casa, quais os Projetos que serão
votados e que os liderados falem com os seus Líderes para acertar isso.
Foi feito um acordo com todas as
Lideranças em torno de um determinado número de Projetos. Se o Ver. Ervino
Besson não conversou com seu Líder, se o Líder não levou em conta, são
problemas que surgem. Muito bem, apesar disso, foi feita uma concordância com a
possibilidade de incluir o seu Projeto. Simplesmente, foi solicitado que – como
é praxe nesta Casa – se votassem primeiro os Projetos não-conflitivos,
não-polêmicos, inclusive o Projeto do Ver. Haroldo de Souza; a maioria são
projetos da oposição, e esse acordo foi quebrado. Tudo bem. Foi votado aqui um
Requerimento para alterar o acordo - o que já não é correto - e a oposição
ganhou, a situação aceitou. Como o seu Projeto é polêmico e é um Veto, a
discussão se deu. E não foi só a situação que discutiu, a oposição também
discutiu, e isso é normal.
Eu tinha um Projeto para ser votado, sem
polêmica, e fui prejudicado, mas aceitei democraticamente. Estou aqui desde às
13h30min, acompanhando a Sessão e, antes, para estar na Pauta. Portanto, eu
acho que não é justo que, neste momento, por uma mudança do acordo feito, nós
simplesmente joguemos tudo para o ar, o que foi votado aqui por insistência da
Liderança do Partido de V. Exa. - e que foi vitoriosa - e, agora, não fica nem
o acordado entre as lideranças, nem o exigido pela Liderança Partido de V.
Exa., nem o que foi votado aqui e nós fazemos papel de bobo! Estamos aqui desde
às 13h30min, assim como outros Vereadores: Ver. Elias Vidal, Ver. Zé Valdir,
Ver. Reginaldo Pujol, Ver. João Carlos Nedel - para dizer alguns que estavam
naquele momento. E, simplesmente, agora, não vale nada! Estamos à mercê do
capricho do momento, ao capricho de tal ou qual Líder! Esta Casa não pode estar
a serviço dos caprichos de A ou B!
Então, por isso, a Bancada do PCdoB, que
até foi contrária na votação do Requerimento, que colocou como segundo o
Projeto do Ver. Ervino Besson; agora que a coisa foi votada, vamos nos
respeitar; e nos respeitar é votar, discutir e encaminhar o Projeto do Ervino
Besson, que exigiu, do microfone, que o seu Projeto fosse votado! Essa é a
opinião da Bancada do PCdoB, pela seriedade do processo de votação nesta Casa.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver.
Isaac Ainhorn, que solicita o adiamento da discussão do PLL n.º 160/02, com
Veto Total, por uma Sessão.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, realmente, esta Casa é a casa do contraditório. Só que os ânimos
ficaram muito acirrados. Tudo começou com as declarações do Líder do PDT, Ver.
Isaac Ainhorn, que até fez uns comentários, referindo-se à minha pessoa como
linha auxiliar do Partido dos Trabalhadores. O Vereador sabe que eu tenho as
minhas posições e convicções e talvez ele queira pautar os meus votos. Mas o
Ver. Isaac Ainhorn foi de uma incoerência total, porque ele não se lembrou que
hoje, quando foi solicitado o Requerimento para incluir o Projeto do Ver.
Ervino Besson, este Vereador, fazendo parte da Frente Popular, foi o único
Vereador que votou a favor do Requerimento. Então, o Ver. Isaac Ainhorn não
percebeu, na hora da votação, talvez seja isso, mas porque entende este
Vereador que a questão do Veto tem que ser apreciada. E até eu disse ao Ver.
Ervino Besson: “Sou a favor do seu Requerimento, mas vou votar pela manutenção
do Veto”. E foi o que eu fiz pelo meu encaminhamento. Agora, o que nós temos
que ter aqui é o cuidado com a nossa postura, uma postura parlamentar, até
porque nós falamos entre nós aqui, mas hoje há milhares de pessoas que nos
assistem, nos acompanham e sabem como é a dinâmica. Então, nós temos que ter
esse cuidado no modo de agir, porque, na ânsia, quem é que acaba perdendo? Esta
Casa! Quando começou o encaminhamento e foi aprovado o Requerimento a favor da
apreciação e análise do Veto do Ver. Ervino Besson, os Vereadores começaram a
encaminhar, um ou outro Vereador a favor, outro contra. O que eu quero dizer é
o seguinte: é legítima a postulação do Ver. Isaac Ainhorn de pedir, porque ou o
Vereador se afastou do plenário, ou talvez não haja o número suficiente para tentar
vetar. Só que a forma, a condução como se deu, a interlocução foi muito ruim,
foi de má qualidade, jogando colegas... E não é isso que a Casa quer, não é
para isso que estamos aqui. É legítimo qualquer Vereador pedir; faz parte, é do
Regimento: “Olha, eu quero pedir o adiamento”. Tudo bem; vamos fazer a
discussão, vamos fazer o encaminhamento, quem ganhar, ganhou; quem perder,
perdeu. Faz parte do jogo, faz parte do Plenário. O que nós não podemos é,
entre nós mesmos, ficar baixando o nível, usando subterfúgios e palavras de
baixo calão, porque aí nós vamos desqualificar a discussão, vamos levar para
outro embate, já que, na realidade, o que nós queremos aqui é a discussão
política, que é o que nós estamos fazendo relativamente ao Projeto.
Eu me manifestei a favor da manutenção do
Veto, porque entendo que o Projeto do Ver. Ervino Besson, no seu mérito, pode
ter boa intenção, mas ele carece na questão técnica; não nos convenceu.
Portanto, nós éramos contrários, ou seja, a favor da manutenção do Veto. É legítima
a postulação do Ver. Isaac Ainhorn? É. Só que a forma e o encaminhamento, como
foram dados, foram totalmente errados, porque, na realidade, ficou falando
trinta segundos sobre a questão do Requerimento e quatro minutos e meio fazendo
a discussão em cima do Partido dos Trabalhadores, sobre a questão da
Presidência e outros. Vereador, eu o conheço, V. Exa. é um dos Vereadores mais
hábeis que há nesta Casa, sabemos da sua inteligência, não é por acaso que o
povo de Porto Alegre já votou várias vezes em V. Exa., mas, hoje, quero-lhe
dizer que V. Exa. não estava num dia feliz. Eu entendo que é legítima a
postulação de V. Exa., mas não estava num dia feliz.
Presidente, eu quero mais uma vez dizer
que nós somos contrários à proposta, entendemos que é legítima, mas somos
contrários. Eu só peço que toda vez que ocuparmos esta tribuna, embora tenhamos
idéias divergentes, que possamos defender as nossas posições, mas, devemos,
antes de tudo, saber nos respeitar, porque, ao contrário, quem está errado é
este Parlamento. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal,
solicitada pelo Ver. Renato Guimarães, o Requerimento, de autoria do Ver. Isaac
Ainhorn, que solicita o adiamento da discussão do PLL nº 160/02, com Veto
Total, por uma Sessão. (Pausa.) (Após a chamada nominal.) Apregôo o resultado:
02 votos SIM, 12 votos NÃO; totalizando 14 votos, sendo 15
votos, contando com este Vereador que não vota. Não há quorum.
Encerro os trabalhos da presente Sessão,
com tristeza, é verdade, pedindo até desculpas por algum excesso e pensando
que, amanhã, às 14h, reabriremos os trabalhos com muito bom-senso, com muita
tranqüilidade, porque é assim que deve ser. Havia mais de 20 Vereadores no
plenário, mas só 14 votaram. Saúde e paz!
(Encerra-se a Sessão às 18h04min.)
*
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